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1. E

LEMENTOS DE COMPREENSÃO

O TODO E SUAS PARTES

Por mais que já fosse exercida pela população indígena antes do

descobrimento, a agricultura como atividade econômica organizada somente surge

com a chegada dos portugueses no séc. XVI e a consequente ocupação e divisão de

terras. Apesar de ocupar um espaço razoável no modo de vida indígena, a agricultura

era essencialmente focada na subsistência, organizada de forma a suprir apenas as

necessidades de cada aldeia.

Com a vinda dos colonizadores e a inserção do Brasil nos domínios do império

ultramarino lusitano, há uma ruptura definitiva na forma como passam a ser

exploradas as terras do Novo Mundo. Afinal, a chegada de Cabral à Bahia é, na

verdade, resultado de um momento histórico definido pela passagem do feudalismo

para o capitalismo comercial, no qual a Coroa portuguesa exercia ativo papel. É o

momento do surgimento dos estados nacionais, da ascensão do capital mercantil e das

idéias mercantilistas que precedem a revolução industrial. É a partir desse contexto

que devemos buscar entender a organização e a exploração das terras descobertas no

Atlântico.

Uma vez que a colonização do Brasil é resultado desse momento de transição,

parece claro que a agricultura aqui estabelecida pelos portugueses é parte de um

projeto construído dentro dessa nova organização econômica, voltada essencialmente

para a atividade comercial. Logo, sua formação e estruturação, assim como

organização produtiva e mercantil, têm sua origem na maneira como Portugal buscou

adequar as terras recém-descobertas às suas necessidades econômicas. Por mais que,

com o passar do tempo, a atividade agrícola aqui estabelecida adquira uma dinâmica

própria e busque se adequar às suas próprias demandas internas, sua organização

básica e seus alicerces estruturais derivam diretamente da política metropolitana e de

seus interesses.