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Caderno Mapa n.5 - A Secretaria de Estado do Negócios do Império

Apresentação

Esta nova edição da série

Cadernos Mapa

tem como tema a Secretaria de Estado dos Negócios do

Império, estabelecida com esse nome em 1823, mas cuja origens remontam até antes mesmo da vida da

corte para o Brasil, em 1808.O trabalho permite-nos acompanhar a passagem de um modelo

institucional originalmente estruturado ao final do século XVII, com a atribuição de sustentar a ação

administrativa da metrópole portuguesa, para um novo formato, definido pelos princípios do

liberalismo constitucional que marcaria o século XIX. À reorganização da estrutura de governo imposta

pelo processo de independência brasileiro somaram-se as reformas profundas promovidas pela

Constituição de 1824, que teriam um profundo impacto na administração herdada do Antigo Regime,

com a divisão de poderes do Estado, o que significou a distinção das funções administrativas,

legislativas e judiciais.

Além disso, podemos observar que

pelos quadros da Secretaria do Império que o Estado brasileiro

procurou viabilizar um projeto de edificação da nação, o que se daria a partir da instituição de certa

imagem identitária do Brasil, norteado pelo ideário civilizatório e forjado pela elite imperial no conjunto

de instituições que compuseram a estrutura do governo monárquico. Logo, pela secretaria transitaram

diferentes projetos de Estado e nação que se constituiriam ao longo do século XIX e que se traduziram

nas disputas das elites locais e no embate centralização-descentralização, bem como nas revoltas que

marcaram o período regencial. Assim, os chamados

‘negócios do Império’

se constituíram como o lugar

privilegiado de pactuação com o ideal de uma Europa possível nos trópicos, dentro do processo de

construção da nação e de consolidação do Estado brasileiro.

Dilma Cabral

Supervisora do programa de pesquisa

Memória da Administração Pública Brasileira – Mapa

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