

Caderno Mapa n.8- A Secretaria de Estado do Negócios da Marinha
autor propõe uma nova abordagem do tema, que entenda a relação entre estes dois partidos de forma
hierarquizada (MATTOS, 1986, p.131) Para o autor, essa hierarquia foi criada justamente no momento
da consolidação monárquica (nos anos de 1840 e 1850), quando a elite saquarema conseguiu provar
que seu projeto político era o mais adequado para garantir os interesses da classe senhorial. Usando essa
perspectiva, não buscamos aqui negligenciar a participação do Partido Liberal no processo político de
formação do Estado Nacional brasileiro durante o século XIX, mas devemos compreender o capital
político que o Partido Conservador possuía em mãos pelo sucesso obtido não apenas na pacificação
das rebeliões, mas também pela dinâmica ditada por eles, pelo menos, desde 1837 na administração
pública, autoridade esta que eles aproveitarão bem, principalmente após o gabinete de 1848. E é nesse
gabinete que será aprovada a reforma geral do Tesouro Público Nacional, a qual restruturará também a
administração contábil da Marinha nas províncias.
O gabinete que o sucedeu e ficou conhecido como o Gabinete da Conciliação de 1853 será, na
verdade, um gabinete onde ambos os partidos estarão juntos, porém em posições desiguais. A
Revolução Praieira mostrara a importância de um entendimento suprapartidário para que a política
deixasse de ser resolvida à bala nas ruas e fosse “filtrada” dentro das instituições, no caso, na câmara e
nos ministérios. Desta forma, os liberais compõem este gabinete, mas não podemos deixar de notar sua
posição subordinada frente àqueles que os derrotaram na política e nas armas na década anterior.
É neste gabinete que surgirão aquelas consideradas aqui como as últimas reformas estruturais na
administração da Marinha no período imperial. Neste período de estabilidade política e financeira será
finalmente criado o Conselho Naval, em 1856, solicitado pelos ministros conservadores desde longa
data. A reforma da direção da Marinha, conforme previa o decreto de criação do conselho, será
completada nos anos seguintes, em 1859 e 1860, com as reformas da Secretaria de Estado e do Quartel
General, já no Gabinete chefiado pelo conservador Ângelo Moniz da Silva Ferraz, tendo como ministro
da Marinha Francisco Xavier Paes Barreto. Outras reformas na administração da Marinha ocorreram
nos anos posteriores, inclusive com duas novas restruturações da Secretaria de Estado nos anos de 1868
e 1877, mas essas reformas seguiram mais uma lógica de maior complexificação da administração do
que uma transformação das estruturas de comando, como foram as reformas dos anos anteriores.
27