Guia da administração brasileira:
império e governo provisório |
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O trabalho recupera informações sobre os órgãos que vigoraram de 7 de se-
tembro de 1822, marco político da Independência, a 30 de outubro de 1891,
data da lei n. 23, primeiro ato que reformulou a administração pública no
período republicano e que, praticamente, coincide com o final do governo
provisório, sob o comando do marechal Manuel Deodoro da Fonseca, e com
a promulgação da nova Constituição. O
Guia
oferece um amplo panorama da
administração, com pequenos verbetes contendo informações básicas sobre
cada secretaria de Estado e seus órgãos subordinados.
Para cada órgão são fornecidos dados referentes à data de criação/extinção e
as principais alterações, como mudança de nome, competência e superior hie-
rárquico, de acordo com as informações localizadas na legislação, nem sempre
suficientes, como poderá ser observado em alguns casos em que faltam ele-
mentos como o próprio ato de criação ou extinção. Muitos órgãos transitaram
entre várias secretarias de Estado, mudança que foi registrada nos verbetes.
Uma visão geral da estrutura de cada secretaria poderá ser encontrada nos
organogramas que integram esta publicação. Estão ainda disponibilizadas indi-
cações sobre a existência de documentação referente a esses órgãos nos fundos
e coleções sob a guarda do Arquivo Nacional, elaboradas a partir da consulta
dos instrumentos de pesquisa e do módulo multinível do SIAN.
Além dessas informações, apresentamos um texto em que são analisados os
traços gerais da administração imperial brasileira, onde se procurou compre-
ender a dinâmica que norteou os diversos rearranjos do aparato administrati-
vo, tanto pelo aspecto interno de cada área de governação, quanto pela con-
juntura política em que se deu a construção de uma burocracia central sob os
princípios do liberalismo.
A organização do trabalho procurou obedecer a alguns critérios, como a se-
leção dos órgãos componentes da estrutura central das secretarias de Estado
e aqueles subordinados diretamente a elas em, pelo menos, algum momento
deste longo recorte. Esta seleção excluiu as estruturas localizadas em níveis
hierárquicos inferiores, órgãos, especialmente comissões, criados em caráter
temporário para o tratamento de assuntos específicos, como também, no caso
das secretarias da Guerra e Marinha, os corpos, tropas, batalhões e comandos,
exceto quando desempenhavam funções administrativas relacionadas a ques-
tões como a organização da fazenda ou serviços de saúde.
Nos organogramas, alguns órgãos são acompanhados por datas entre parên-
teses, que informam o período em que estiveram subordinados à respectiva
secretaria de Estado, indicando mudança para outra pasta ou extinção. Como
exemplo, temos a Academia Imperial e Militar, subordinada à Secretaria de
Estado dos Negócios da Guerra até 1874, quando foi transferida para a pasta
do Império, tornando-se uma instituição civil.
Por último, é importante observar que, na maioria das vezes, dispomos de
dados sobre o arcabouço central das secretarias de Estado somente a partir da
década de 1840, período em que ocorrem as primeiras reformas que reorga-
nizaram as estruturas administrativas. Até então, as informações são bastante
esparsas, há indicações rarefeitas na legislação e nos relatórios ministeriais.
Além desta escassez, que só nos permite conhecer parcialmente o arranjo ad-
ministrativo, é possível perceber ainda que as secretarias possuem organiza-
ção interna bastante distinta. Assim, temos o caso da Secretaria de Estado
dos Negócios da Fazenda, precocemente organizada, e a Secretaria de Estado
dos Negócios do Império e Estrangeiros, cujas referências indicavam apenas
a existência do oficial-maior e oficiais na estrutura central, além dos órgãos
subordinados.
Com o
Guia da administração brasileira: Império e Governo Provisório (1822-1891)
,
pretendemos
ampliar o conhecimento sobre o processo de construção da mol-
dura da administração imperial e governo provisório, apresentando ao pesqui-
sador um elenco de fontes documentais sob a guarda do Arquivo Nacional que
contribuem para a realização de novas pesquisas sobre a história da adminis-
tração pública brasileira.
Angélica Ricci Camargo
Dilma Cabral
O
rganizadoras