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A administração e a construção

do Estado imperial

algumas considerações

No Brasil, o ideário constitucionalista que ganhou projeção

no limiar do

século XIX foi acrescido por um processo de independência que, se garantiu a

autonomia política de Portugal, impôs o desafio de construção de um Estado

nacional. Uma das dimensões deste processo foi o estabelecimento de estruturas

burocráticas que respondessem pela expedição dos assuntos antes pertencentes

à administração portuguesa, que já sofrera um profundo processo de adaptação

após a mudança da sede de governo para o Brasil, em 1808. Com a transferência

da família real houve a reprodução do modelo de organização administrativa me-

tropolitana, o que não se deu sem uma série de ajustes que procurou rearranjar

as instituições que foram transferidas para o Brasil e, ao mesmo tempo, adaptar

à nova realidade as estruturas que já vigoravam na colônia.

Este processo de reestruturação perdurou ao longo do período joanino

(1808-1821), mas acompanhou as linhas gerais do modelo de administração

que se firmara desde o final do século XVIII, onde a crescente complexidade

dos negócios do Estado exigiu maior agilidade nos processos burocráticos

para fazer frente às demandas do vasto império ultramarino português. O

formato administrativo, baseado na preponderância da Justiça, com seus con-

selhos, tribunais e juntas, foi paulatinamente substituído pela maior autono-

mia do discurso político em relação ao jurídico e pela ampliação das funções

relacionadas às novas atividades do poder, como as finanças, a economia ou

a própria organização administrativa (

hespanha

, 1994). Segundo Subtil, “a

capacidade ordenadora do poder real exigia uma nova distribuição do poder,

de forma a tornar efectivo o alargamento da esfera política sob o controle

central e, necessariamente uma nova mediação dos agentes administrativos

com o poder central” (1992, p. 162).

A maior racionalização e especialização das diferentes áreas de governação

conferiram crescente importância às secretarias, órgãos centrais organizados

por grandes áreas de competência, cujo formato resultava de uma nova cul-

tura política que apontava para o reforço da centralização administrativa e

DILMA CABRAL