Nasceu na cidade de Itu, estado de São Paulo, em 4 de outubro de 1841. Filho de José Marcelino de Barros e de Catarina Maria de Morais. Seu irmão Manuel de Morais Barros (1836-1902) foi deputado federal (1891-1895) e senador da República pelo estado de São Paulo (1895-1902). Ficou órfão de pai aos dois anos de idade e, mais tarde, sua mãe se casou com o major Caetano José Gomes Carneiro (1799-1878). Sua família mudou-se então de Itu para a cidade de Vila Nova da Conceição. Em 1866, casou-se com a filha do seu padrinho, Adelaide Benvinda da Silva Gordo. Iniciou seus estudos no Colégio Ituano, denominado Seminário Nossa Senhora do Bom Conselho e, em 1854, foi matriculado no colégio do professor Manuel Estanislau Delgado. Em 1857, mudou-se para São Paulo, a capital da província, onde estudou no colégio de João Carlos da Fonseca, e ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo em 1859. Na faculdade, participou da sociedade secreta Burschenschaft, conhecida por Bucha entre os estudantes, onde entrou em contato com as ideias liberais, abolicionistas e republicanas. Formou-se em 1863, retornando a Conceição, onde exerceu a advocacia, e filiou-se ao Partido Liberal. Em 1864, foi eleito vereador (1865-1868), tornando-se presidente da Câmara Municipal devido a sua expressiva votação, o que lhe conferiu também o exercício de funções executivas. Foi indicado pelo Partido Liberal para concorrer à Assembleia Legislativa Provincial, elegeu-se deputado provincial em 1867 para a 17ª legislatura (1868-1869), integrando as comissões de Constituição e Justiça e de Redação; vereador pelo partido Republicano Paulista à Câmara Municipal da cidade de Conceição (1877-1880 e 1888), que, depois, por sua indicação, retomaria o nome originário de Piracicaba; deputado provincial pelo Partido Republicano Paulista (1878-1879), tendo sido reeleito, posteriormente, para outras legislaturas provinciais; deputado à Assembleia Geral do Império (1884-1885); integrou o Governo Provisório do Estado de São Paulo (1889) sendo, depois, nomeado por decreto do marechal Deodoro da Fonseca o primeiro governador do período republicano de São Paulo (1889-1890); senador por São Paulo pelo Partido Republicano Paulista (PRP) à Assembleia Constituinte (1891-1894), tendo exercido a presidência do Congresso Constituinte encarregado de elaborar a Constituição republicana e primeiro presidente civil da República (1894-1898). Sua atuação na Assembleia Provincial esteve sempre alinhada aos interesses da cafeicultura da região do Oeste Paulista, ficando tal fato evidenciado na produção legislativa, ao longo das suas várias legislaturas, onde tratou de temas relevantes para o desenvolvimento do setor: estradas de ferro e imigração. Na Assembleia Geral Legislativa, apoiou o Projeto Dantas, redigido por Rui Barbosa, que definia estratégias para viabilizar a abolição da escravidão, tendo apresentado um aspecto inovador, pois previa a assistência aos libertos por meio da instalação de colônias agrícolas para os que não conseguissem trabalho e a transferência de terras arrendadas pelo Estado destinadas ao cultivo pelo ex-escravo. Integrante da junta que assumiu por um breve período a administração de São Paulo após a instauração da República, editou um decreto que deu regulamento para a Hospedaria de Imigrantes. Nomeado o primeiro governador do estado do período republicano, tornou o ensino público laico, suprimindo a educação religiosa, reconhecendo a plena liberdade de crenças e cultos e a separação da Igreja do Estado, conforme definido pelo decreto n. 119-A, de 7 de janeiro de 1890. Reformou o ensino normal, regulamentou e construiu um novo prédio para a Escola Normal de São Paulo, deu também regulamento para a polícia da capital do estado. Concorreu à Presidência da República, mas foi derrotado pelo marechal Deodoro da Fonseca, tendo se tornado então presidente do Senado (1891-1894) e vice-presidente da República quando Floriano Peixoto assumiu a presidência do país, após a renúncia do marechal Deodoro. Em meio a um ambiente conturbado pelas revoltas militares e a Revolução Federalista no Rio Grande do Sul, foi eleito, a 1º de março de 1894, o primeiro presidente civil da República por meio de eleição direta, tendo iniciado seu mandato em 15 de novembro de 1894. Seu governo representou os interesses das oligarquias agroexportadoras, em especial os da cafeicultura paulista, e, em meio à crise econômica cuja origem remontava à política do ‘encilhamento’, enfrentou também a intensa oposição já existente desde os tempos de Floriano entre o republicanismo jacobino, constituído pelos setores da baixa classe média, reunidos na cidade do Rio de Janeiro, e as elites políticas oligárquicas representantes dos grandes estados da federação. Mediou a rendição dos federalistas na guerra civil que já se desenrolava no Rio Grande do Sul desde 1893. Seu governo foi marcado ainda pelo conflito em Canudos, notadamente pelas consequências políticas de tal episódio como, por exemplo, os violentos confrontos ocorridos entre florianistas e monarquistas na cidade do Rio de Janeiro devido às primeiras investidas das tropas federais contra os habitantes do arraial, que resultou na morte de muitos oficiais republicanos. Em 1897, após mais de um mês de combates cujo desfecho vitorioso foi interpretado pelos contemporâneos, tanto oficiais positivistas quanto políticos republicanos, como a luta da civilização contra a barbárie, uma expedição militar arrasou totalmente o arraial. Sofreu um atentado perpetrado por um soldado combatente em Canudos que resultou na morte do seu ministro da Guerra Carlos Machado de Bittencourt (1840-1897). Sua gestão marcou o fim dos governos provisórios militares e o restabelecimento da ordem republicana. Faleceu na cidade de Piracicaba, no estado de São Paulo, em 3 de dezembro de 1902.
Daniela Hoffbauer
Gláucia Tomaz de Aquino Pessoa
Jun. 2019
Bibliografia
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