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brasileiro a ser vencido no final do século XIX. Rui Barbosa também escrevia que o sucateamento

que a força sofria nos últimos anos era uma política proposital produzida pelos primeiros

governos republicanos (MARTINS FILHO, 2010, p. 35-42).

Outro autor bastante influente nos debates sobre a modernização da Marinha foi o

almirante reformado Arthur Silveira da Motta, o barão de Jaceguay. Monarquista que se conciliou

com os ares republicanos e ex-participante da Revolta da Armada, o que motivou a sua reforma,

foi reintegrado à ativa em 1900, por influência de Rui Barbosa, que ocupava na época uma cadeira

do Senado. Chefiou a Biblioteca e o Museu de Marinha e, consequentemente, a Revista Marítima

Brasileira, publicação oficial que ficava a cargo do diretor da Biblioteca.

O jornalista Arthur Dias foi o responsável

por traduzir o debate naval, com todos os seus

termos e questões técnicas, para o público leigo. Além disso, buscava apontar em seus escritos

quais eram as potenciais ameaças para o Brasil, a saber: Estados Unidos e Europa (MARTINS

FILHO, 2010, p. 38). Segundo Dias, as transformações bélicas, táticas e estratégicas, assim como a

relação entre guerra e enriquecimento comercial e industrial, modificariam as relações

geopolíticas entre os países. As nações que chamava de ‘vivas’, que investiram na modernização

de suas armas e forças, dominariam as chamadas ‘mortas’, que não o fizeram. Desse modo, os

países necessitavam se preparar para possíveis guerras. O argumento do jornalista era uma

aplicação do

darwinismo

, tão conceituado e em moda naquele tempo, às relações internacionais

e à filosofia política. De acordo com esta concepção, em última instância, a força acabava sendo a

fundamentação do direito internacional (NETO, 2014, p. 94).

O tenente Américo Brazílio Silvado, em seu livro

A nova Marinha,

lançado em 1897, traça

um retrato da Força desde o Império, criticando as decisões do monarca antes e depois da Guerra

do Paraguai, assim como as dificuldades de subordinação existentes entre oficiais e subalternos.

Propunha também medidas contra os inimigos da República, principalmente contra os chamados

‘sebastianistas’, partidários dos chamados ‘movimentos messiânicos’ na República, que teve em

Canudos o seu exemplo mais eloquente (MARTINS FILHO, 2010, p. 38-39).

Outro ator, que muitas vezes passa despercebido nas análises, também merece destaque

no palco das discussões da época: os estaleiros navais e a indústria bélica, que produziam armas

cada vez mais sofisticadas e navios com maiores recursos tecnológicos, além de incitarem a

corrida armamentista ao revelarem detalhes dos projetos encomendados por seus países clientes,

utilizavam competentes vendedores comissionados, que viajavam para expor os seus produtos.

De acordo com Martins Filho, é bastante provável que tais estaleiros tivessem entrado em contato