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m 1989 o povo brasileiro teve a chance de, após mais de duas décadas de ditadura

militar, ir às urnas para eleger um presidente da República. O vencedor, Fernando Collor

de Mello, assumiu o cargo em 1990, iniciando um governo que, apesar de curto, foi

crucial para a história recente do país. Passados mais de vinte anos, parece claro hoje que seu

mandato entrou para a história como um ponto de inflexão da ordem econômica, política e social

brasileira, iniciando um processo de redefinição do papel do Estado.

Não à toa, este estudo teve origem numa reflexão que buscava entender a

administração pública não no início dos anos 90, mas sim hoje, duas décadas depois. Ou seja,

para melhor avaliarmos a forma como o Estado brasileiro se estrutura administrativamente nos

dias atuais, precisamos percorrer um caminho que nos leva pelo menos até a última década do

século passado. Assim, este trabalho é, na verdade, o primeiro de uma série de três, em que

mapearemos a estrutura central do Poder Executivo de 1990 a 2010, iniciando com o período

dos governos Collor e Itamar Franco e prosseguindo ao longo dos mandatos do presidente

Fernando Henrique Cardoso e de seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva.

Este estudo possui dois objetivos essenciais: o primeiro é ajudar a divulgar as

informações organizadas pelo programa de pesquisa Mapa, reconstituindo individualmente a

trajetória dos principais órgãos que compuseram a estrutura do Poder Executivo nos últimos

vinte anos. Assim como o restante da administração pública, esses órgãos têm como uma de suas

principais características serem formações administrativas bastante inconstantes, sofrendo

periodicamente processos de incorporação ou supressão em suas respectivas estruturas e

atribuições. Assim, a partir da análise de legislação específica, procuramos organizar, em

planilhas

individuais, informações como nome, data e motivo de criação e extinção de cada

órgão, além de suas sucessivas estruturas e competências, bem como seus antecessores e

sucessores, buscando sempre evidenciar a legislação pertinente para cada caso. Para isso, o

marco inicial utilizado foi a medida provisória n. 150, de 15 de março de 1990, que foi o primeiro

instrumento legislativo da era Collor a dispor sobre a organização da Presidência da República.

Um segundo objetivo é oferecer a devida contextualização dessas informações a partir

das diferentes conjunturas que marcaram o país no período estudado. Mais do que fazer um

diagnóstico, buscamos sugerir caminhos de interpretação capazes de estreitar os laços que

ligam a história administrativa à história do Estado brasileiro, respeitando as diferenças entre

Estado e administração, mas mantendo vivas as conexões dessas duas perspectivas com a

história social, política e econômica do país. De certa forma, pretendemos ver a administração

pública como um organismo que se adapta às demandas sociais, econômicas e políticas que,

por sua vez, são frutos de momentos históricos específicos.

A partir dessa premissa, nosso trabalho procura tratar as informações coletadas tendo

em perspectiva o processo histórico em que a administração pública brasileira esteve

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