

Caderno Mapa n.6- A Secretaria de Estado do Negócios da Guerra
então Ajudante-General, o tenente-coronel se recusara a dar explicações sobre o fato, afirmando que só
se reportava ao conde d'Eu, comandante-geral da Artilharia. Repreendido em Ordem do Dia e
transferido para o Rio Grande do Sul, o desfecho do caso mostra de um lado o poder do Ajudante-
General, devendo ser ele a maior autoridade do Exército, abaixo apenas do ministro da Guerra. Por
outro lado vemos o aspecto da crise de comando. Criado para ser o cargo que deveria defender acima
de tudo os interesses do Exército como instituição, o Ajudante-General, contraditoriamente, por ser
antes de tudo um funcionário de indicação do governo, deflagra a primeira “cisão” interna entre os
militares punindo Senna Madureira num contexto de um Exército cada vez mais influenciado pelas
ideias abolicionistas. Daí em diante, todos os eventos da “Questão Militar” serão de enfrentamento
direto não mais com o Ajudante-General, mas com o ministro da Guerra e o governo em geral.
O segundo episódio que gostaríamos de apontar se passa já nos últimos momentos do Império,
quando Benjamin Constant busca apoio entre os oficiais de alta patente para a deflagração do levante
republicano. Um dos oficiais procurados por ele é o general Floriano Peixoto, que estrategicamente
ocupava o cargo de Ajudante-General. A resposta de Floriano foi positiva e ele se comprometeu a
“apoiar os camaradas caso se tratasse de um movimento sério em que todos estivessem unidos
” 47.
Desta vez ao lado dos oficiais insatisfeitos com a monarquia, o apoio do Ajudante-General do Exército
será de vital importância para a adesão da base militar para o projeto republicano, sendo Floriano
Peixoto o segundo presidente da surgente República.
Conclusão
Ao analisar a evolução da estrutura administrativa da Secretaria de Estado dos Negócios da Guerra
desde a sua fundação, pouco antes da proclamação da independência, até o fim do Segundo Reinado,
em 1889, podemos traçar um estreito paralelo entre suas transformações e os momentos onde o
Partido Conservador esteve à frente do governo. Cremos que este paralelo não é fruto de mero acaso.
Ilmar Rohllof de Mattos já analisou em sua clássica obr
a 48a importância da direção saquarema para a
construção do Estado brasileiro. Mattos ressalta que a historiografia costumou sempre frisar a diferença
ou as semelhanças entre liberais e conservadores, mas sempre ignorou a relação de hierarquia existente
entre esses dois partido
s 49. E essa hierarquia foi criada justamente no momento da consolidação
monárquica, onde a elite saquarema conseguiu provar que seu projeto político era o mais adequado para
47
LEMOS, op. Cit., p. 334
48
MATTOS, op. Cit.
49
MATTOS, op. cit. p. 131
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