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Caderno Mapa n.6- A Secretaria de Estado do Negócios da Guerra

estrutura da secretaria a Repartição do Ajudante-General do Exército

36 ,

que se mostrará tão ou mais

importante que a do Quartel Mestre.

Veterano da Guerra da Cisplatina em 1825, bem como comandante do Exército brasileiro nas

rebeliões liberais de 1842, na Balaiada do Maranhão e na Revolução Farroupilha, Caxias conhecia de

perto os problemas de organização do Exército. Com esta autoridade, modificou a Lei de Promoções

de 1850, determinando que todas as promoções deveriam ser feitas ao mesmo tempo para todas as

arma

s 37

. Alterou ainda as instruções seguidas pelo Exército brasileiro, substituindo-as pela Tática

Elementar das Três Armas, adotada pelo Exército português, “enquanto não se organizasse uma tática

militar privativamente nossa

38

. No âmbito do ensino militar, tornou mais rigorosas as exigências para a

matrícula nos cursos militares e transferiu a instrução prática da Escola Central para a Fortaleza de São

João.

Atendo-nos mais uma vez à organização da Repartição do Ajudante-General, podemos considerá-la

como transformadora na estrutura no Exército. A justificativa da criação desta repartição era de que o

Exército, sendo totalmente dependente da administração direta por parte do ministro da Guerra ficava

vulnerável a ingerências políticas, muitas vezes sem continuidade, por parte de ministros que nem

sempre conheciam de perto a realidade das forças armadas por nunca haverem sido militares. Desta

forma, buscava-se construir a figura estável do Ajudante-General, como defensor permanente dos

interesses da instituição Exército junto ao Parlamento, em oposição às características de um ministro de

Estado, eminentemente políticas. Ao analisarmos os ocupantes da cadeira de ministro da Guerra após a

instituição do Ajudante-General, notamos uma progressiva diminuição de ministros com histórico

militar em relação a períodos anteriores, sendo cada vez mais frequentes os civis. Por outro lado, o

cargo de Ajudante-General será sempre ocupado por um oficial graduado do Exército. Se o chefe da

Repartição do Quartel-Mestre General era a figura responsável por todas as questões de material e

logística do Exército, o Ajudante-General seria o homem do pessoal do Exército, cabendo a ele

basicamente as seguintes tarefas:

36

BRASIL. Decreto n. 1.881, de 31 de janeiro de 1857. Aprova o Regulamento para a Repartição do Ajudante-General do Exército. Coleção das Leis do

Brasil, Rio de Janeiro, v. 1, parte 2, p. 36. 1857.

37

BRASIL Decreto n. 1.634, de 5 de setembro de 1855. Estabelece que as promoções que se fizerem para preenchimento das vagas que se derem dentro

de hum ano nos corpos e armas do exercito sejam com uma mesma data. Coleção de Leis do Brasil, Rio de Janeiro, v. 1, parte 2, p. 522. 1856.

38

Até então a instrução da infantaria era feita pelas instruções de Bernardes Antônio Zagallo, que nem eram mais adotada pelo Exército português. A

cavalaria regia-se pelo sistema do General Beresford e a infantaria pelas instruções da Guarda francesa do General Pardal. PONDÉ, p. 245.

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