

Caderno Mapa n.7 - A Secretaria de Estado do Negócios Estrangeiros e a consolidação das relações exteriores no Brasil
Além do impulso de desenvolvimento e civilização, o Segundo Reinado também foi marcado pelo
maior conflito bélico em que o Brasil esteve envolvido no século, a Guerra do Paraguai (1864-1870).
Como vimos, a região do Prata sempre foi local de disputas. Além da Guerra da Cisplatina, o Brasil se
envolveu em dois conflitos até a eclosão da guerra contra o Paraguai, relacionados às disputas entre
caudilhos na Argentina e no Uruguai. As preocupações do Império brasileiro voltavam-se
principalmente à navegação na bacia do Prata e às fronteiras do sul, região de disputas desde o período
colonial.
A guerra contra Oribe e Rosas, entre os anos de 1851 e 1852 foi o primeiro conflito na região do
Prata após um longo período de neutralidade do governo Imperial. Juan Manoel Rosas, governador de
Buenos Aires, e Manoel Oribe, do partido
Blanco
uruguaio, aliaram-se com o objetivo de unificar os dois
países e anexar o Paraguai. Essas pretensões eram contrárias a interesses de grupos políticos em ambos
os países, o que desencadeou revoltas internas. Além disso, esse expansionismo geraria uma hegemonia
no controle do comércio na bacia do Prata, o que feria interesses das nações estrangeiras. O governo
brasileiro interviu na região dando apoio aos grupos opositores locais, que acabaram por derrotar Rosas
e Oribe.
Na década seguinte, o Império envolveu-se num conflito com o Uruguai. A questão do Brasil com
esse país estava relacionada com os estancieiros do Rio Grande do Sul, que possuíam terras e
circulavam livremente escravos, gados e mercadorias entre os territórios uruguaio e brasileiro.
Entretanto, em 1862 o partido
Blanco
ascendeu ao poder no Uruguai e adotou uma política de
nacionalização das fronteiras, através da taxação dos brasileiros residentes e dos produtos em
circulação. Na eclosão da guerra civil uruguaia, em 1863, os líderes gaúchos pressionaram o governo
imperial a apoiar o partido rival, o Colorado. Em agosto de 1864 o Brasil interviu no conflito invadindo
o território uruguaio e bloqueando o porto de Paissandu através de uma área neutra do Rio da Prata
(IZECKSOHN, 2009, p. 387-394).
Em 1862 o Brasil também aproximou suas relações com a Argentina, após a ascensão de
Bartolomeu Mitre ao poder. O novo presidente era simpatizante dos colorados uruguaios e partidário
da livre negociação nos rios. Para o Paraguai, a aproximação entre Brasil, Argentina e os colorados do
Uruguai poderia ameaçar seus interesses e posição no continente. Desse modo, o presidente paraguaio
Solano Lopez aproximou-se dos
blancos
no Uruguai e dos rivais de Mitre na Argentina. No final de
1864, Lopez invadiu o Mato Grosso, dando início ao conflito. Apesar das alianças, os paraguaios não
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