Previous Page  18 / 81 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 18 / 81 Next Page
Page Background

Caderno Mapa n.7 - A Secretaria de Estado do Negócios Estrangeiros e a consolidação das relações exteriores no Brasil

De acordo com Amado Cervo e Clodoaldo Bueno (1986, p. 15-18) a política externa brasileira nos

anos subsequentes à independência acabou gerando uma posição de isolamento, que persistiu até o

início do Segundo Reinado. A explicação para isso, segundo os autores, estaria relacionada à atuação

dos deputados e senadores nos assuntos exteriores, que, a partir da avaliação pessimista sobre as

relações internacionais no Primeiro Reinado, passaram a exigir maior participação no processo

decisório e acabaram obtendo vitórias importantes. Uma delas foi a exigência da apresentação de

relatório anual da Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros, a partir de 1827, para a aprovação

do orçamento, que possibilitou uma forma de controle indireto do ministério pelo legislativo. Além

disso, a lei de 1831, que determinou a competência dos regentes que governariam o país até a

maioridade de d. Pedro II, estabeleceu aos parlamentares a possibilidade de examinar previamente os

tratados e deliberar sobre declaração de guerra.

Apesar de o Brasil não ter um grande destaque no panorama internacional durante o período

regencial, no que se refere à administração da Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros,

observamos um relativo avanço. Em 1834, durante a gestão de Aureliano de Souza e Oliveira Coutinho,

foi promulgado o primeiro regimento consular, através do decreto de 14 de abril de 1834. Nesse

mesmo ano, pelo decreto de 15 maio, foi promulgado o

Regimento das Legações Brasileiras de sua majestade o

Imperador do Brasil

(CASTRO, 1983, p. 49-53).

A conjuntura interna brasileira também pode explicar a retração na política exterior durante o

período regencial, já que o país passou por diversos conflitos e mudanças administravas, tais como as

revoltas que ameaçavam a unidade do Império, a constituição de novos arranjos políticos e a formação

de um regime de gabinete (CERVO; BUENO, 1986, p. 15-18). O período das regências caracterizou-se

pelas disputas políticas entre os conservadores, que desejavam uma administração do Estado mais

centralizada, e os liberais, que não possuíam um projeto político unificado, mas lutavam por interesses

no âmbito local. A eclosão de revoltas em algumas províncias reivindicando maior autonomia política e

econômica, e que foram apoiadas, em alguns casos, pelas classes populares em busca de melhores

condições de vida, colocaram em perigo a unidade territorial e a estruturação da sociedade imperial.

Esse cenário acabou estimulando um acordo entre liberais e conservadores, que se uniram com o

objetivo de frear os movimentos populares. A partir da regência de Araújo Lima, em 1837, observa-se,

portanto, a ascensão de uma política conservadora, voltada para uma administração centralizada e

baseada na ordem e na civilização, como projeto de Estado. (MATTOS, 1999)

18