

Caderno Mapa n.7 - A Secretaria de Estado do Negócios Estrangeiros e a consolidação das relações exteriores no Brasil
obtiveram auxílio de seus aliados, tornado sua situação desfavorável frente à Tríplice Alianç
a 21 .Mesmo
com a desvantagem paraguaia, a guerra perdurou até 1870.
As versões sobre as motivações da Guerra do Paraguai foram muito diversas através dos tempos.
Para a historiografia brasileira tradicional o conflito teria sido motivado pela megalomania de Solano
Lopez. Para as forças amardas, a história da guerra deveria ser escrita sem uma grande preocupação
com suas motivações, sendo narrada mais como um exemplo da capacidade militar brasileira, servindo
para a exaltação de heróis tais como Caxias, Osório e Tamandaré. Os paraguaios, por sua vez
descrevem a guerra como uma agressão dos vizinhos poderosos a um pequeno país independente. Nas
décadas de 1960 e 1970, os historiadores de esquerda latino-americanos apoiaram a versão de que o
conflito havia sido estimulado pelo imperialismo inglês na região, visto que o Paraguai estava passando
por um processo de desenvolvimento autônomo do capital externo, e também por interesses na
produção algodoeira paraguaia. As interpretações mais recente
s 22admitem a influência do capitalismo
inglês, mas colocando-a em segundo plano, levando em consideração as relações dos países envolvidos
no conflito, procurando entender as peculiaridades de cada um, considerando o processo de formação
dos Estados Nacionais na América Latina e da luta entre essas nações para assumir uma posição
dominante no continente (FAUSTO, 2010, p. 208-209).
Apesar da vitória militar brasileira, os anos de guerra trouxeram grandes consequências para o
Império. Depois da campanha paraguaia, o Exército começou a reivindicar mais espaço na política e as
críticas à escravidão ganharam mais força em virtude da participação de escravos no conflito. A guerra
também trouxe problemas econômicos para o governo brasileiro, que precisou recorrer a empréstimos
para financiar o conflito. A questão financeira refletiu, inclusive, sobre a organização administrativa do
Estado, como pode ser visto na lei n. 1.507, de 26 de setembro de 1867, que fixou as despesas e orçou
as receitas do Império para os anos de 1867-1868 e 1868-1869.
A lei orçamentária, além de autorizar reformas no sistema de arrecadação de impostos, também
propôs reformas nas secretarias de Estado, Contadoria e Intendência da Marinha, pagadoria de tropas,
arsenais, secretarias de polícia e repartições de Fazenda, como forma de enxugar as despesas com a
administração pública. Nesse sentido a orientação era alterar os quadros e vencimentos dos
empregados, diminuir o pessoal, reduzir a despesa total das verbas competentes, regular as gratificações
e porcentagens para corrigir as desproporções de vencimentos ou excesso resultante da cobrança das
novas imposições (BRASIL, 1867, capítulo III, Art. 36, 3º, p. 138). Em virtude da lei de orçamento, as
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A Tríplice Aliança foi um acordo militar firmado por Brasil, Argentina e Uruguai para combater as forças paraguaias.
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Sobre essas interpretações , destacam-se os trabalhos de Ricardo Salles (1990) e Francisco Doratioto (2002).
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