Previous Page  22 / 81 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 22 / 81 Next Page
Page Background

Caderno Mapa n.7 - A Secretaria de Estado do Negócios Estrangeiros e a consolidação das relações exteriores no Brasil

proibindo o tráfico internacional de africanos. Com a extinção do tráfico, tornava-se claro que o fim da

escravidão era questão de tempo e era necessária uma alternativa à escassez de braços, sobretudo para a

lavoura cafeeira que estava em ascensão. É nesse momento que se inicia o período de grande entrada de

imigrantes no país, incentivada pelo governo.

A vinda de imigrantes europeus teve início no período joanino, buscando formar colônias baseadas

na agricultura familiar com a finalidade de povoar o território e civilizar o rein

o 20 .

Com a

independência, essa política continuou, mas a partir da repressão ao tráfico africano, com a

Bill Aberdeen

e a Lei Euzébio de Queiroz, o incentivo à entrada de estrangeiros direcionou-se para o trabalho na

grande lavoura e foi incentivada em larga escala. A política de imigração foi uma atribuição da pasta do

Império até 1860, quando a Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras

Públicas foi fundada e passou a tratar dessa questão. No que se refere à Secretaria de Estado dos

Negócios Estrangeiros, a atuação foi através das legações e consulados na Europa, sobretudo no que se

refere à validação dos contratos e concessão de vistos para imigrantes.

Na segunda metade do século XIX, o Império inicia um período de modernização, através do

desenvolvimento econômico, de infraestrutura e urbanização. Com o fim dos conflitos do Período

Regencial e do início do Segundo Reinado, o país passou por um momento de certa estabilidade

interna, possibilitando uma ampliação nas políticas públicas voltadas para o desenvolvimento da

infraestrutura das cidades, dos transportes, da indústria e da agricultura, e também da educação e das

ciências. A Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros teve uma atuação importante neste

desenvolvimento, através das legações estrangeiras e missões no exterior. Os funcionários do ministério

nos países estrangeiros eram responsáveis por descobrir e adquirir elementos que impulsionassem o

desenvolvimento técnico-científico da nação. O trabalho funcionava em conjunto com os outros

ministérios, que solicitavam à pasta dos Estrangeiros a execução dessas atividades. Os diplomatas

enviavam, por exemplo, manuais de cultivo de diversas espécies, mudas e sementes para o Jardim

Botânico e máquinas para a Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional. As legações estrangeiras

também eram responsáveis pela participação brasileira em congressos, feiras e exposições internacionais

e, ainda, pelo recolhimento de documentação solicitada por outros ministérios, relativa a normas

jurídicas e práticas administrativas de diversos países (STROZZI, 2010, p. 70-72).

Brasil que tivessem escravos a bordo, seriam apreendidas pelas autoridades brasileiras e consideradas importadoras de escravos. A

legislação também estabeleceu que a importação de escravos se tratava de pirataria, e determinou a punição das pessoas envolvidas

nesse crime. Além disso, estabeleceu que os escravos apreendidos deveriam ser reexportados para os portos de origem ou para

qualquer outro ponto fora do Império, que mais conveniente fosse ao governo, ou ainda, caso não fosse possível a reexportação,

seriam empregados em trabalho debaixo da tutela do governo, não sendo em caso algum concedidos os seus serviços a particulares.

20

Ver Giralda Seyferth, 1990.

22