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aos analfabetos e às patentes inferiores, foi

um dos principais elementos da política que

Goulart pretendia empreender. Em torno

delas ocorreu uma radicalização da luta

política. Em defesa das reformas estavam

diferentes grupos, como os estudantes

reunidos na União dos Estudantes do

Brasil (UNE), setores da Igreja Católica,

organizações de subalternos das Forças

Armadas, movimento sindical, grupos de

esquerda e um importante movimento rural

que começou a ser delineado no Nordeste

na década de 1950, as Ligas Camponesas.

Do lado contrário, os setores conservadores

se reuniram em entidades como o Instituto

de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES) e o

Instituto Brasileiro de Ação Democrática

(IBAD). Além disso, crescia a cada dia uma

conspiração civil-militar contra o governo.

Em 1963, João Goulart lançou o Plano

Trienal. Concebido pelo ministro

extraordinário responsável pelo

Planejamento, Celso Furtado, o plano

tinha o objetivo de promover o crescimento

econômico, combater a inflação e realizar

diversas reformas sociais. No entanto, não

obteve o sucesso desejado.

Diante do agravamento das tensões

sociais e de pressões externas, o governo

organizou um grande comício na Central

do Brasil em 13 de março daquele ano,

ao qual compareceram cerca de 150 mil

pessoas e onde foi anunciada uma série de

reformas, como a encampação de refinarias

particulares de petróleo. A reposta às

iniciativas do Estado veio com a Marcha da

Família com Deus pela Liberdade, ocorrida

em São Paulo no dia 19, com o objetivo de

mobilizar a opinião pública contra a política

do governo.

Esses acontecimentos foram sucedidos

por conflitos nas Forças Armadas, que

geraram maior instabilidade política.

Em 31 de março, o comandante da 4ª

Região Militar, sediada em Juiz de Fora,

iniciou uma movimentação de tropas em

direção ao Rio de Janeiro, onde estava o

presidente. Essa operação foi apoiada por

diversos comandantes militares. Goulart

também recebeu o ultimato de generais e,

reconhecendo a impossibilidade de resistir,

abandonou a presidência e partiu para o Rio

Grande do Sul. Assim, no dia 1º de abril de

1964, o presidente do Senado, Auro Moura

de Andrade, declarou vaga a Presidência,

pondo fim ao período democrático e abrindo

caminho para a ditadura civil-militar.

O Ministério da Justiça

e os direitos humanos

O Ministério da Justiça e Negócios

Interiores sofreu poucas transformações

em sua estrutura no período democrático.

A mais relevante foi uma mudança no

regimento do Departamento do Interior e

da Justiça que acrescentou às atribuições

da Divisão de Assuntos Políticos o estudo

dos temas relacionados aos direitos e

deveres do homem, pelo decreto n. 38.873,

de 13 de março de 1956. Com isso, passaram

para o ministério os assuntos relativos à

Declaração Universal dos Direitos

do Homem.

Essa declaração foi aprovada por 48 países

em 10 de dezembro de 1948 e constituiu, em

grande parte, uma resposta da comunidade

internacional, representada pela

Organização das Nações Unidas (ONU), à

intolerância étnica e racial verificada nos

anos 1930 e 1940 na Europa e, de modo

geral, aos acontecimentos decorrentes da

Segunda Guerra Mundial. A Declaração

Universal dos Direitos do Homem significou

algo novo na história, na medida em que,

pela primeira vez, um sistema de princípios

fundamentais da conduta humana foi

expressamente aceito, por meio de seus

respectivos governos, pela maioria da

população mundial (Bobbio, 2004, p. 27).

Entre os princípios da declaração

estão o direito à liberdade; à igualdade

de tratamento perante a lei; à vida;

à segurança pessoal; à liberdade de

pensamento, consciência e religião; a uma

nacionalidade; à liberdade de locomoção

e residência dentro das fronteiras de cada

Estado; à liberdade de reunião e associação

pacíficas; o direito de participar do governo

do país, diretamente ou por intermédio

de representantes livremente escolhidos;

à segurança social e à realização dos

direitos econômicos, sociais e culturais

indispensáveis à sua dignidade e ao livre

desenvolvimento da personalidade; ao

trabalho; à livre escolha de emprego; ao

repouso e lazer; a um padrão de vida capaz

de assegurar, a si e a sua família, saúde e

bem-estar; à instrução; à livre participação

na vida cultural da comunidade; o direito

de não ser arbitrariamente preso, detido ou

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