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Em artigo intitulado

Quem descobriu a ilha de Fernando de Noronha

2

o

historiador português Duarte Leite (1864-1950) afirmou que o

mercador Fernando de Loronha havia comandado, em maio de 1501,

uma expedição que partiu de Lisboa com destino à terra de Vera Cruz,

retornando à Europa em julho de 1502. Teria sido nessa expedição que

Fernão de Loronha descobriu o arquipélago que mais tarde levaria o seu

nome, contestando, assim, a versão mais difundida de que o navegador

florentino Américo Vespúcio, integrante de outra expedição entre 1503-

1504, fora seu casual descobridor.

Nesse artigo, Duarte Leite citava o planisfério de Alberto Cantino,

publicado em Lisboa em 1502, como uma das provas de que o local já era conhecido antes da

expedição de 1503, sendo uma das “mais antigas e seguras notícias arquivadas desta ilha brasileira”

(SILVA, 1945, p. 273). A ilha que aparece no planisfério, representando o Velho e o Novo Mundo

conforme eram conhecidos por Portugal, leva o nome de Quaresma e está localizada na mesma posição

do atual arquipélago de Fernando de Noronha. Nesse planisfério, os termos adotados orientaram-se

pelo calendário usado pelos navegadores para registrar suas descobertas, o que levou Duarte Leite a

concluir que a ilha deve ter sido descoberta na quaresma de 1502. Essa nomenclatura teria sido

acrescentada em letra manuscrita após o retorno daquela primeira expedição exploradora, entre 1501 e

1502 (SILVA, 1945, p. 276).

O mapa de Cantino foi considerado por Duarte Leite um documento fidedigno, que corrigia e

completava as informações contidas na carta de Américo Vespúcio, que também foi cronista da

expedição de 1501-1502, escritas ao banqueiro florentino Lorenzo di Pierfrancesco de Médici em 1502.

Em estudo posterior, o historiador Sérgio Buarque de Holanda afirmou, com base nesse documento, que “a

julgar pelas notícias que o próprio Vespúcio forneceu ulteriormente, essa frota [a expedição de 1501-1502] teria

explorado grande extensão da costa leste da América do Sul” percorrendo, conforme a carta citada, 800

quilômetros ao longo do litoral, chegando a 50º de latitude sul (HOLANDA, 1976, p. 89).

2

Artigo publicado no periódico

O Primeiro de Janeiro,

de Lisboa, em outubro de 1945.

10

1. Degre

dados e

galés na

ilha