que partira “do Recife para Fernando de Noronha, levando três mulheres banidas” pelos holandeses
(COSTA, 1887, p. 67).
No final do século XVII, após a retomada do território pelos luso-brasileiros, o governo de
Pernambuco passou a reclamar junto à metrópole da necessidade de povoar e fortificar a ilha. Assim, a
carta régia de 29 de agosto de 1695 mandava que se “convocasse as pessoas mais inteligentes e zelosas
que houvesse na capitania, e os homens do mar mais práticos, e conferenciasse com eles sobre o
assunto, e se fosse resolvida a vantagem de se povoar e fortificar a ilha de Fernando de Noronha […]
propondo meios com que se deve fazer e os que pode haver para se sustentar o presídio” (COSTA,
1887, p. 23). No entanto, as fortificações só seriam construídas mais tarde, quando a capitania de
Fernando de Noronha passou a pertencer à de Pernambuco conforme a carta régia de 24 de setembro
de 1700.
O sistema de fortificação do arquipélago foi concebido no século XVIII pelo engenheiro militar
português Diogo de Silveira Veloso. A maioria das fortificações foi construída na ilha principal de
Fernando de Noronha, que dá nome ao arquipélago, formado, ainda, pelas ilhas Rata, do Meio e Rasa e
por ilhotas ou rochedos denominados Sela Gineta, São José, Cuscuz, Ilha de Fora ou Viuvinha, Chapéu
do Nordeste, Conceição ou Morro de Fora, Dois Irmãos, Morro da Viúva, Morro do Leão, Chapéu do
Sueste, Cabeluda, Ilha dos Ovos e Frade.
Em 1736, ocorreu a invasão da ilha pelos franceses que passaram a chamá-la
Île Dauphine.
No
entanto, em 1737, foram expulsos pela expedição comandada por João Lobo de Lacerda enviada pelo
então governador de Pernambuco, Henrique Luiz Pereira Freire (1737-1746). Em 1737, a carta régia de
26 de maio ordenava que a ilha fosse “fortificada e cultivada” com objetivo de defender aquele ponto
estratégico da costa brasileira das investidas estrangeiras (COSTA, 2009, p. 136). É possível que a partir
dessa data, tenham sido enviados para a ilha “alguns sentenciados a galés e soldados condenados ao
carrinho” que teriam sido utilizados “na construção das obras militares, e ficou depois o costume de
serem para lá enviados os indivíduos naquelas condições” (BRASIL, 1880, p. A-I-45). Datam desse
período a construção da Fortaleza de Nossa Senhora dos Remédios, dos Fortes de Santo Antônio e da
Conceição.
Em 1739, Pereira Freire organizou “o governo militar e econômico da ilha, que passou a ser
denominada como Presídio de Fernando de Noronha” (MELO, 1916, p. 8). O termo presídio, no sentido
militar, se refere à gente de guarnição encarregada da defesa da praça de armas, mas foi utilizado também
como prisão para os condenados a pena de “carrinho”, nome que designava o trabalho aplicado como castigo
aos soldados condenados pela justiça militar (SILVA, 1813, p. 497 e 353). Portanto, o termo “gente de
guarnição” podia se referir também aos “soldados mal disciplinados” (SILVA, 1813, p. 497).
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