“... a quantos esta nossa carta virem fazemos saber que havendo nos respeitos aos
serviços que Fernão de Loronha cavaleiro de nossa casa nos tem feitos e esperamos
dele adiante receber e que rendo-lhe fazer graça e mercê temos por bem e lhe
fazemos doação e mercê daqui por diante […] da nossa ilha de são João que ele ora
novamente achou e descobriu cinquenta léguas alla mar de nossa terra de Santa Cruz
que lhe temos arrendado […]” (VARNHAGEN, 1839, p. 72).
Para além das controvérsias a respeito do descobridor da ilha, o artigo de Duarte Leite,
publicado em 1945, refere-se ainda a um ponto crucial da história do arquipélago: o de ter sido local de
degredo, prisão militar e civil no Império, e presídio político no período republicano, empregando o
termo “depósito presidiário” para se referir à ilha de Fernando de Noronha nos anos 40 do século XX.
Há registros sobre a existência de degredados, galés e militares condenados aos trabalhos nas
fortificações desde os séculos XVII e XVIII.
Em 1612, o missionário capuchinho Claude d'Abbeville esteve por alguns dias na ilha de
Fernando de Noronha. O missionário integrou a expedição francesa que, naquele ano, chegou ao
Maranhão e fundou a França Equinocial e o forte São Luís, sendo o território retomado
posteriormente em 1614 pelos luso-brasileiros. No relato de sua viagem
História da missão dos padres
capuchinhos na ilha do Maranhão e suas circunvizinhanças,
publicado em 1614, o missionário narrou o
encontro com os desterrados que viviam em Fernando de Noronha por volta de 1612.
“Habitava a ilha
um português em companhia de dezessete ou dezoito índios,
homens, mulheres, e crianças, todos escravos, e para aqui desterrados pelos
moradores de Pernambuco
[…] Estes pobres índios, bem como os portugueses,
receberam dos senhores [François] de Rasilly e [Daniel de la Touche,
senhor] de [La] Ravardiere tantas finezas, que, sabendo do nosso projeto de ir plantar
no Maranhão a fé e a crença no verdadeiro Deus, para o que levávamos quatro padres
capuchinhos, pediram-nos com instância para tirá-los desse lugar e levá-los
conosco” (D'ABBEVILLE, 1874, p. 52 grifos meus).
Posteriormente, no período da dominação holandesa (1630-1654), o arquipélago foi arrendado
a Michel de Pavw, passando a se chamar Pavônia, que é proveniente da latinização do nome Pavw. A
ilha serviu de local para o envio dos desterrados da ordem colonial que então se instaurava sob o
controle holandês. No
Diário da rebelião dos portugueses de 1645-1647
há uma referência sobre um navio
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