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A expedição de 1501-1502 retornou ao reino levando quantidade considerável de madeira (pau-

brasil), cujo contrato de exploração foi arrendado em 1501 ao mercador Fernando de Noronha, sendo

renovado até 1511. A partir de 1513, a exploração passou a ser realizada por meio do pagamento do

quinto (20%) ao rei (VAINFAS, 2001, p. 472).

Alguns autores afirmam que os lucros advindos da exploração do pau-brasil por particulares,

nos primeiros anos do século XVI, não foram nada desprezíveis, mesmo considerando fatores como a

concorrência estrangeira, o monopólio real e os custos relativos à construção naval e à defesa

(VAINFAS, 2001, p. 472; SOUZA, 1939, p. 189; SIMONSEN, 2005, p. 72). Sua exploração nas terras

recém-descobertas foi favorecida devido ao baixo custo da mão de obra utilizada. Os índios

derrubavam, cortavam e embarcavam o pau-brasil, recebendo em troca produtos de baixo valor

(ferramentas, roupas e adornos).

Grande quantidade de pau-brasil foi transportada para o mercado europeu durante esse período

e depois de chegar a Lisboa o produto era levado para outras cidades. Em Amsterdã, “o pó da madeira

raspada e triturada se transformava em corante” para as manufaturas têxteis europeias (VAINFAS,

2001, p. 472). O trabalho realizado pelos prisioneiros da Casa de Correção de Amsterdã, a

Tugthuis

,

criada em 1595, é um exemplo do nível de internacionalização a que chegavam as atividades

relacionadas à comercialização do pau-brasil na época.

Em 1599, a cidade de Amsterdã concedeu a

Tugthuis

o monopólio do pó de pau-brasil que era

utilizado para tingir tecidos. “Em turnos que podiam durar até catorze horas, os detentos trabalhavam

com serras de doze lâminas para produzir no mínimo vinte (e até trinta) quilos. Em troca, recebiam oito

e meio

stuivers

por dia, salário magro que nos sábados lhes permitia o prazer de comprar um filão de

pão branco” (SCHAMA, 1992, p. 29).

A manutenção da

Tugthuis

passou a depender totalmente da venda do corante produzido pela

mão de obra carcerária, cujo baixo custo associado à longa jornada de trabalho devia representar um

retorno considerável para a instituição correcional de Amsterdã.

Rasphuis,

que significa serraria

,

foi o

nome pelo qual a

Tugthuis

passou a ser chamada informalmente a partir desse modelo de exploração do

trabalho carcerário.

Os mesmos mercadores associados a Fernando de Noronha financiaram também a expedição

de 1503-1504, que avistou a ilha então denominada Quaresma em 24 de julho de 1503, dia de são João

Batista. Daí ter sido rebatizada com o nome de Ilha de São João. Na carta de doação de d. Manuel

(1495-1521) a Fernão de Noronha com data de 24 de janeiro de 1504 foi essa a nomenclatura adotada:

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