

Caderno Mapa n.4 - A Secretaria de Estado do Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas e a modernização do Império
atendiam outras regiões, diminuindo o tempo de comunicação entre as localidades. Nessa mesma década,
o serviço de telégrafos foi instalado e quando a Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio
e Obras Públicas foi implantada esse serviço passou para sua jurisdição, assim como os negócios relativos
aos correios terrestres e marítimos, permanecendo sob sua alçada até a criação do Ministério da Instrução
Pública, Correios e Telégrafos, pelo decreto n. 346, de 19 de abril de 1890.
A partir da reforma de 1873, os correios, os telégrafos e a navegação subvencionada passaram a
compor a 1ª Seção da Diretoria de Comércio, a qual cabiam também as providências relativas ao sistema de
pesos e medidas. Em 1862 a lei n. 1.157 de 26 de junho estabeleceu o sistema métrico francês como novo
padrão de pesos e medidas no Império e determinou um prazo de dez anos para que fosse implantado. A lei
também previu que o novo sistema deveria ser ensinado em escolas primárias e que tabelas de conversão
deveriam ser distribuídas pelo governo. O objetivo era padronizar o sistema de pesagem e medição em
todo o país e coube ao ministério implantar tais medidas, juntamente com os governos locais.
Extinto o prazo estabelecido, foi promulgado um decret
o 27para a execução da lei de 1862. O ato
determinava que depois do último dia de junho de 1873, não seria tolerado outro sistema de medidas que
não fosse o francês, e quem desobedecesse sofreria multas e até prisão. Entretanto, não foi fácil
implementar o novo sistema por causa da precariedade dos meios de comunicação, da falta de recursos
financeiros e da resistência popular, evidenciada nos episódios conhecidos como “Quebra Quilos
” 28.
Um outro aspecto importante da atuação do ministério foi em relação às obras públicas, principalmente
aquelas ligadas a modernização urbanística. Desde a chegada da família real, em 1808, o Rio de Janeiro
passou por grandes transformações urbanas relacionadas à transposição do aparato administrativo do
governo português e pela vinda de uma classe nobre para a cidade. Deste modo, foram necessários
melhoramentos que atendessem as demandas de governo, do comércio e dessa nova classe social. Até o
início do século XIX, a ocupação urbana da cidade limitava-se aos morros do Castelo, São Bento, Santo
Antônio e Conceição, e os escravos, as camadas urbanas pobres e a elite habitavam o mesmo espaço. Ao
longo dos oitocentos, essas fronteiras foram se ampliando à medida que a expansão econômica, os novos
habitantes e o capital internacional chegavam à Corte (ABREU, 1997, p. 35).
A independência e a ascensão do café contribuíram para essa expansão, trazendo para a Corte um
grande número de trabalhadores livres nacionais e estrangeiros. A partir do fim do tráfico africano, em
1850, as grandes plantações do sudeste absorveram o estoque final de escravos do país, abrindo espaço
27
Decreto n. 5.089, de 18 de setembro de 1872.
28
Quebra Quilos foi uma série de revoltas populares ocorridas no nordeste brasileiro entre os anos de 1874 e 1875. A
obrigatoriedade do novo sistema de pesos e medidas trouxe desconfiança da população, que acreditava estar sendo enganada nas
conversões. Como forma de resistência, o povo percorria feiras e destruía balanças e instrumentos de medição, invadia câmaras e
prédios públicos e até mesmo prisões para destruir documentos.
24