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Caderno Mapa n.4 - A Secretaria de Estado do Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas e a modernização do Império

Um outro debate travado no Congresso Agrícola do Rio de Janeiro foi sobre o progresso técnico. Houve

consenso entre os participantes da necessidade de utilização de noivas tecnologias na agricultura e também

da importância da educação agrícola, porém esses não eram assuntos prioritários para a maioria dos

congressistas. Apenas alguns mais esclarecidos, incluindo o próprio ministro, viam a importância nas

inovações técnicas, sobretudo no que dizia respeito à substituição da mão de obra cativa (Ibidem).

O projeto de instrução e modernização da produção agrícola e industrial foi uma bandeira do ministério

desde sua fundação. Um exemplo dessa política foi a tentativa de implantação dos engenhos centrais como

alternativa à crise da produção açucareira, que passou a sofrer redução nas exportações devido à

concorrência do açúcar de beterraba produzido na Alemanha e pelo açúcar caribenho, extraído da cana. O

atraso no sistema de produção somado à concorrência externa foram os responsáveis pela redução da

participação do açúcar brasileiro no mercado mundial. Além disso, a cana brasileira passou por diversas

pragas que dizimavam as lavouras. (CANABRAVA, 1995, p. 103-104; FAUSTO, 2010, p. 236-242).

A criação de engenhos centrais para combater a crise na produção açucareira foi mencionada pelo

ministro José Fernandes da Costa Júnior no relatório de 1874 (BRASIL, 1875, p. 12). Esse tipo de engenho,

geralmente organizado como sociedade anônima, constituía-se numa forma de beneficiamento da cana em

escala industrial, utilizando equipamentos modernos. A proposta foi aprovada em 1875, dando origem às

leis de 29 de setembro e 6 de novembro, e garantiam juros de 7% aos investidores que empregassem

capital na construção dos engenhos centrais, além da isenção de direitos alfandegários nos materiais

importados (CANABRAVA, 1995, p. 108-110).

Muitos engenhos centrais foram construídos no nordeste e também nas províncias de São Paulo, Minas

Gerais e Rio de Janeiro. Entretanto, a experiência durou apenas 15 anos, e no final do Império, poucos ainda

operavam. Os fatores que explicam o fracasso são diversos; primeiro, muitos estabelecimentos usaram

equipamentos obsoletos ou defeituosos, já utilizados no exterior. Além disso, muitos engenhos valeram-se

do capital dos investidores, mas foram apenas remodelados. Havia também o problema da mão de obra

mal treinada e técnicos que muitas vezes não sabiam fazer a devida manutenção do maquinário. Os gastos

com combustíveis e a dificuldade de transporte também eram fatores contrários ao desenvolvimento do

projeto. O principal problema, porém, era em relação ao abastecimento de matéria-prima, que não era

regular, por falhas da administração central ou pela falta de colaboração dos fornecedores (Ibidem, p. 108-

110).

Em relação às políticas para o desenvolvimento científico, o ensino agrícola e industrial e a introdução e

aclimatação de espécies, as ações da secretaria estiveram quase sempre relacionadas a instituições privadas

de fomento, que obtinham subvenção para desenvolver essas áreas. Nesse sentido, teve destaque a

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