

Caderno Mapa n.4 - A Secretaria de Estado do Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas e a modernização do Império
No que tange a pesquisa científica, o Museu Nacional destacou-se como uma das principais instituições.
Fundado em 1818, funcionou como órgão consultivo do governo, atuando como receptor e classificador de
espécies e produtos existentes no Império. Também promoveu expedições e intercâmbios internacionais,
como forma de ampliar seu acervo. Desempenhado um papel de preparação para as exposições
estrangeiras, o museu foi agente fundamental na organização das mostras nacionais, onde eram expostos
elementos naturais da fauna e da flora brasileiras oriundos de várias províncias, assim como produtos
agrícolas e manufaturas. Os melhores produtos eram selecionados por uma comissão, e deveriam ser
exibidos nas Exposições Universais. Na reforma ministerial de 1868, o museu passou a integrar a 2ª Seção
da Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas. Na década seguinte
começou um processo de ampliação, sobretudo através do regulamento de 1876, que delimitou suas
seções, estabeleceu cursos e criou o periódico
Arquivos do Museu Nacional
, com o objetivo de divulgar o
resultado das pesquisas. (RAMINELLI, 2008, p. 539-541; BRASIL, 1869, p. 79-81). Ainda nesse contexto havia
os jardins botânicos, que, além de constituírem espaços de visita e recreação públicas, também
funcionaram como lugares de pesquisa, aclimatação e propagação de espécies, persistindo em um política
de inserção de novas culturas que remete à fundação o Jardim Botânico da Lagoa de Rodrigo de Freitas, em
1808, no Rio de Janeiro.
Um objeto interessante em relação às ciências naturais no Império foi a produção da
Flora Brasiliensis
,
do botânico alemão Carl Friedrich Philipp Von Martius. O ambicioso projeto constituía-se em levantar,
classificar e ilustrar a flora brasileira, e sua origem remete à Missão Austríaca de 1817, que viajou pelo país
ilustrando diversos aspectos da natureza e cultura brasileiras. Posteriormente, Von Martius e Johann
Baptiste Von Spix retornaram à Europa e iniciaram uma série de publicações sobre a expedição como os
relatos da viagem, aspectos zoológicos e botânicos. Von Spix faleceu em 1826, e Von Martius continuou
com os projetos de edição. Em 1839, com o apoio financeiro dos governos de Áustria, Baviera e Brasil,
iniciou projeto de levantar toda a flora do Império, com cerca de 60 autores. O primeiro fascículo foi
publicado em 1840, e as expedições continuaram até 1906, quando o trabalho foi finalizado (SHEPHERD, s.
d.). A leitura dos relatórios ministeriais revela o interesse do Estado brasileiro na execução dos trabalhos e,
mesmo após a morte de Von Martius, em 1868, continuou incentivando o projeto.
Uma outra importante atribuição da Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e
Obras Públicas estava relacionada ao desenvolvimento dos diversos ramos da indústria e seu ensino
profissional e também à concessão de patentes pela invenção e introdução de indústria estrangeira. É
importante destacar, entretanto, que a definição da palavra
indústria
no século XIX estava relacionada,
segundo o dicionário de Antonio de Morais e Silva (1813, p. 153), à “
arte, destreza para gangear a vida,
engenho, traça, em lavrar e fazer obras mecânicas; em tratar negócios civis, etc
”. Deste modo, ao lermos a
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