Previous Page  19 / 161 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 19 / 161 Next Page
Page Background

Caderno Mapa n.6- A Secretaria de Estado do Negócios da Guerra

Podemos apontar que um dos fatores que indicam um período de estabilidade política é o tempo

que cada ocupante de um cargo público tem para desempenhar suas funções à frente de um ministério.

Desde o início da regência Feijó em 1835 até 1848, verifica-se uma grande alternância de titulares da

pasta, com 18 mandatos diferentes (o número de titulares é menor, visto que alguns nomes assumem a

pasta por mais de uma vez, como Salvador José Maciel e João Vieira de Carvalho, o marquês de Lages),

todos com passagens breves, inferiores a um ano, salvo duas exceções. Sintomaticamente, essas

exceções foram os mandatos dos conservadores Sebastião do Rêgo Barros, de 19 de setembro de 1837

até 5 de março de 1839, e o de José Clemente Pereira, que ficou à frente da pasta de 23 de março de

1841 até 23 de janeiro de 1843. Como já apresentamos acima, estes foram os principais períodos de

reforma da secretaria , primeiro com Rêgo Barros e a introdução de uma nova metodologia de

elaboração dos relatórios e depois com o mandato de José Clemente quando a secretaria é reformada e

cria-se a Contadoria-Geral da Guerra.

Mais estabilidade ainda teremos durante o período compreendido entre 1848 e o fim do Gabinete

da Conciliação em 1857, onde apenas 3 nomes estiveram à frente do Ministério: o já citado Manuel

Felizardo, de 1848 até 1853; Pedro de Alcântara Bellegarde, de 1853 a 1855, e Luiz Alves de Lima e

Silva, o duque de Caxias, de 1855 a 1857, todos ligados ao Partido Conservador. São deste período as

reformas estruturais mais profundas na secretaria, e a forma tomada pela instituição após esta época

será a definitiva até o fim do Império. Abordaremos um pouco as reformas deste período.

Em 1850, o decreto n. 57

4 31

desanexará mais uma vez a Contadoria-Geral da Guerra da estrutura

central da secretaria, deixando, assim, de existir duas seções para darem lugar a uma repartição à parte.

O decreto n. 778, de 15 de Abril de 185

1 32

, dará o regulamento e a organização desta nova repartição,

que cumprirá as mesmas tarefas das antigas 3ª e 4ª seções da Secretaria de Estado. É de 1850 também a

lei n. 585, que dará novo regulamento para a questão sempre polêmica das promoções nos diferentes

corpos do Exército.

Em 1851 o Exército brasileiro encontrava-se mobilizado no Rio Grande do Sul. Contra as

pretensões expansionistas do ditador argentino Juan Manuel Rosas de restabelecer o Vice-Reinado do

Prata anexando Paraguai, Bolívia e Uruguai, as tropas brasileiras mais uma vez intervieram nesta tensa

região, lideradas pelo então conde de Caxias. É editado, então, um at

o 33

em fevereiro deste ano

organizando as repartições do Exército estacionadas nesta província. Através do decreto n. 762 são

31

BRASIL. Decreto n. 574 de 22 de agosto de 1850. Extingue as duas Seções de Contabilidade da Secretaria d'Estado dos Negócios da Guerra, e cria na

Corte uma Repartição com o título de Contadoria Geral. Coleção das Leis do Brasil, Rio de Janeiro, v. 1, parte 1, p. 260, 1851.

32

BRASIL. Decreto n. 778, de 15 de abril de 1851. Cria na Corte uma Repartição com o título de Contadoria Geral da Guerra. Coleção das Leis do Brasil.

Rio de Janeiro, v. 1, parte 2, p. 62. 1852.

33

BRASIL. Decreto n. 762, de 22 de fevereiro de 1851.Aprova as Instruções para a organização das Repartições Gerais do Exército estacionado na

Província de S. Pedro do Rio Grande do Sul. Coleção das Leis do Brasil, Rio de Janeiro, v. 1, parte 2, p. 24, 1853.

19