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Caderno Mapa n.6- A Secretaria de Estado do Negócios da Guerra

províncias ganhou ainda mais força. O deputado conservador Sayão Lobato Junior em pronunciamento

na Câmara em 1850 resumiu o estado moral em que se encontravam os liberais frente a este gabinete:

“Esse Partido que se intitula liberal, tem por vezes recorrido às

armas, ensanguentando diversas províncias do Império. Tem por

toda parte plantado o germe da discórdia na população brasileira.

Desconhecendo os meios constitucionais, esse Partido cuja única

missão, quando está no poder, é vexar e oprimir seus adversários, e,

quando fora do poder ser um eterno conspirador.(...)

Esse partido que se intitula liberal foi quem em 1835 promoveu

a revolução que por tantos anos flagelou a província do Rio Grande

do Sul; esse partido que se intitula liberal foi quem em 1837

ensanguentou a província da Bahia; esse partido que se intitula liberal

foi quem em 1842 se rebelou nas províncias de Minas Gerais e São

Paulo; esse mesmo partido que se intitula liberal foi quem em 1848

sublevou Pernambuco

29

Como vimos, o período 1844-48, em que os liberais estiveram no poder, era caracterizado pelos

deputados do Regresso como uma fase de “anarquia”, em oposição aos princípios da centralização,

defendidos por eles como uma obra do mundo moderno, portanto inevitável para a construção de uma

nação civilizada. Logo, todos os que se opusessem a estes princípios seriam considerados “bárbaros” ou

“anárquicos”. Derrotados moral e politicamente, caberia aos liberais a adesão/aceitação ao projeto

conservador - naturalmente de forma submissa - no gabinete de 1853, pois os conservadores fariam

questão de sempre lembrar-se dos liberais como elementos que não souberam gerir bem a nação no

período em que comandaram o govern

o 30 .

Dentro deste quadro de sólida hegemonia conservadora, quem assume a pasta da Guerra em 1848 é

o tenente-coronel Manuel Felizardo de Souza e Mello. Embora oficial de carreira, nunca teve passagem

pelos campos de guerra, destacando-se mais por sua atuação política vinculado ao grupo organizado

por Bernardo Pereira de Vasconcellos. Manuel Felizardo é o titular da secretaria que passa mais tempo à

frente do cargo desde a abdicação de d. Pedro I, assumindo a direção da pasta em 29 de setembro de

1848 e deixando-a apenas em setembro de 1853, já no gabinete do marquês de Paraná.

29

ASSEMBLEIA DA CAMARA DOS DEPUTADOS. Sessão de 08 de Junho de 1850. Anais da Câmara dos Deputados. Disponível em

http://imagem.camara.gov.br/pesquisa_diario_basica.asp

30

Para um balanço sobre o Gabinete da Conciliação, ver FERRAZ, Paula Ribeiro.

O Gabinete da Conciliação

: algumas considerações. In: Encontro Regional

da ANPUH-Rio, 2010, Rio de Janeiro. Disponível em:

< http://www.encontro2010.rj.anpuh.org/resources/anais/8/1276733474_ARQUIVO_ArtigoANPUH- Rio2010PaulaRibeiroFerraz.pdf >

. Acesso em 13 de Novembro de 2012.

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