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De imediato foi outorgada uma nova

Constituição com perfil autoritário,

elaborada por Francisco Campos, então

ministro da Justiça e Negócios Interiores.

Inspirada na Constituição da Polônia, de

origem fascista, a nova Carta instituiu o

autoritarismo corporativista, restringindo

a prática efetiva e plena dos direitos dos

cidadãos (Wolkmer, 2011, p. 145). Os

poderes do presidente da República foram

reforçados, ampliando-se a possibilidade

de intervenção nos estados e abolindo

o Poder Legislativo em todos os seus

níveis. Outros pontos relevantes foram a

declaração de estado de emergência em todo

o país, a determinação de censura prévia à

imprensa, teatro, cinema e radiodifusão, e o

estabelecimento, pela primeira vez, da pena

de morte fora de tempo de guerra.

Complementando essas disposições

autoritárias, o decreto-lei n. 37, de 2 de

dezembro de 1937, determinou a extinção

dos partidos políticos e conferiu ao

ministro da Justiça e Negócios Interiores a

responsabilidade de elaborar medidas para

realizá-la, dando-lhe, ainda, autoridade

para interditar sedes de organizações e

partidos. Em 1942, a lei constitucional n.

5 estabeleceu que, com a declaração do

estado de emergência em todo o país, fossem

suspensas as garantias constitucionais

relacionadas à propriedade e à liberdade de

pessoas físicas ou jurídicas, e de estrangeiros

que praticassem atos contrários ao governo.

Nesse contexto, a produção cultural

e a propaganda política tornaram-se

peças fundamentais para a divulgação

de um discurso destinado a construir

uma imagem positiva do regime, das

instituições e do chefe do governo, tarefa

que seria empreendida por um novo órgão,

o Departamento de Imprensa e Propaganda

(DIP), criado em 1939 e subordinado

diretamente à Presidência da República.

A situação começou a mudar apenas com

a entrada do Brasil na Segunda Guerra

Mundial, em 1942, ao lado dos Estados

Unidos e dos aliados contra Alemanha,

Itália e Japão. A contradição existente

entre o apoio às democracias e a ditadura de

Vargas abriu caminho para divergências no

interior do governo e para o crescimento da

oposição. Em 1943 foi lançado o Manifesto

dos Mineiros em defesa da democracia,

ao qual se seguiram manifestações de

estudantes e escritores.

Em 1945, os partidos políticos voltaram

a se organizar, dois deles sob a égide do

próprio Getúlio Vargas, o Partido Social

Democrático (PSD) e o Partido Trabalhista

Brasileiro (PTB). A oposição reuniu-se

em grande parte na União Democrática

Nacional (UDN). O PCB também voltou

a funcionar. E, apesar de enfrentar grande

oposição, Vargas contou com o apoio

popular, inclusive com demonstrações

públicas dos trabalhadores, muitas delas

patrocinadas pelo Ministério do Trabalho,

Indústria e Comércio e por empresários

interessados na manutenção do presidente,

num movimento que ficou conhecido como

“queremismo”.

Mas essas forças não foram suficientes

para que Vargas se perpetuasse no cargo.

Ao anunciar a nomeação do seu irmão,

Benjamin Vargas, como chefe de polícia do

Distrito Federal, o presidente forneceu o

motivo derradeiro para sua deposição, que

se daria em 29 de outubro de 1945.

Controle da informação e propaganda

O controle da informação e a propaganda foram fundamentais no primeiro governo de Getúlio Vargas. Inicialmente, esses assuntos

ficaram sob a esfera do Ministério da Justiça e Negócios Interiores. O Departamento Oficial de Publicidade, criado em 1931, tinha

a finalidade de divulgar atos oficiais e controlar a imprensa quanto à publicação de temas que pudessem prejudicar o governo e a

ordem pública. Em 1934, um novo órgão foi instalado, o Departamento Nacional de Propaganda e Difusão Cultural (DPDC), dotado

de maiores atribuições relativas à utilização dos meios de comunicação de massa e à orientação da chamada cultura física. O DPDC

foi responsável pela produção de programas de rádio e filmes, que iriam adquirir um caráter mais doutrinário com a radicalização

do clima político do país, que culminou com a decretação do Estado Novo. Essa experiência deu origem a uma poderosa máquina

de propaganda, o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), criado em 1939 e ligado diretamente à Presidência da República.