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O sucesso de grande parte das políticas

do governo fez com que Lula elegesse seu

sucessor em 2010. Assim, pela primeira vez

no Brasil uma mulher foi eleita presidente,

a ex-ministra de Minas e Energia e da Casa

Civil, Dilma Rousseff.

O primeiro ano de seu governo destacou-

se pela permanência da preocupação com

a questão social, observada especialmente

no Plano Brasil Sem Miséria, voltado para

ações nacionais e regionais baseadas em

três eixos: renda, inclusão produtiva e

serviços públicos.

Nesse curto período também foram

aprovados dois importantes atos legais: a

lei n. 12.528, que criou a Comissão Nacional

da Verdade, para examinar e esclarecer as

violações dos direitos humanos praticadas

entre 1946 e 1988, a fim de efetivar o direito

à memória e à verdade histórica e promover

a reconciliação nacional, e a lei n. 12.527,

que regulamentou o direito constitucional

de acesso a informações públicas e

entrou em vigor em 2012, aumentando

a transparência do serviço público e

ampliando a participação da sociedade no

controle das atividades do Estado.

O Ministério da Justiça e os

desafios do novo século

A primeira grande regulamentação

do Ministério da Justiça no período

democrático ocorreu durante o governo

de José Sarney, pelo decreto n. 96.894, de

30 de setembro de 1988. O ato manteve

praticamente todas as atribuições

definidas pelo decreto-lei n. 200, de 1967,

que abrangiam, como vimos, assuntos

de ordem jurídica, nacionalidade,

cidadania, direitos políticos e garantias

constitucionais; segurança interna e Polícia

Federal; administração penitenciária; e

documentação, publicação e arquivamento

dos atos oficiais. De sua esfera de atuação

saiu apenas o Ministério Público, que

se tornou uma instância autônoma e

independente, tendo seu papel redefinido

pela Constituição de 1988.

O decreto também extinguiu o

Departamento Federal de Justiça e criou

novos órgãos, como a Secretaria de Direitos

da Cidadania, a Secretaria de Justiça e

Segurança Pública e a Secretaria de Estudos

e Acompanhamentos Legislativos.

A Secretaria de Direitos da Cidadania

incorporou as atribuições pertencentes ao

antigo Departamento Federal de Justiça,

relacionadas a cidadania, nacionalidade,

estrangeiros e direitos políticos. Por

outro lado, passou a tratar de temas que

encontrariam mais espaço nos governos

brasileiros a partir da promulgação da

Constituição, como o desenvolvimento de

estudos referentes às liberdades públicas, a

articulação com instituições representativas

da comunidade e a classificação indicativa

das diversões públicas e programas de rádio

e televisão.

Outro órgão criado em sintonia com esse

novo momento foi o Conselho Superior

de Defesa da Liberdade de Criação e

Expressão, que deveria propor mecanismos

de defesa das liberdades de pensamento,

criação, expressão e informação, apreciar

denúncias de restrição dessas liberdades,

além de elaborar normas e critérios que

orientassem a classificação indicativa.

Em 1990, no âmbito das reformas

empreendidas por Fernando Collor, a

medida provisória n. 150, de 15 de março,

incluiu mais algumas atribuições na esfera

de atuação do ministério, relacionadas com

os assuntos de estrangeiros, defesa da ordem

econômica, metrologia legal, índios, registro

do comércio e da propriedade industrial.

Também criou novas estruturas, como a

Secretaria Nacional de Direito Econômico e

a Secretaria de Polícia Federal.

As competências referentes ao registro do

comércio e da propriedade industrial e à

metrologia legal foram retiradas de suas

atribuições em 1992, pela medida provisória

n. 309 e pela lei n. 8.490, que, por sua vez,

incorporaram ao Ministério da Justiça a

função de ouvidoria-geral e de defesa dos

direitos do consumidor.

A medida provisória n. 150, de 1990,

estabeleceu ainda um órgão que adquiriu

um papel bastante importante no contexto

recente: o Conselho Nacional de Segurança

Pública, destinado à formulação de uma

política nacional nessa área.

O crescimento dos crimes comuns, do

crime organizado ligado especialmente ao

tráfico de drogas, da violência doméstica

e das violações dos direitos humanos

vem se constituindo numa das maiores

preocupações da sociedade brasileira

nas três últimas décadas. E a resposta