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1764, que determinava uma cota mínima de criação de cavalos nas fazendas

(Simonsen, 1978, p. 176).

Voltando à pecuária bovina, vale frisar que, enquanto a carne servia para

alimentação dos crescentes núcleos populacionais que se formavam internamente na

colônia, outro item passava a ganhar espaço: o couro. Usado na confecção de roupas

no sertão, logo se tornou produto de exportação cada vez mais valorizado,

representando, segundo Antonil, no início do século XVIII, 50% do valor do preço do

boi. Segundo Simonsen, antes do advento do charque na região platina, chegava-se a

matar gado exclusivamente para o aproveitamento do couro (Simonsen, 1978, p. 176).

A LAVOURA DE ABASTECIMENTO

Assim como a atividade pecuária, a plantação de gêneros alimentícios na

colônia surgiu e se desenvolveu concomitantemente à grande lavoura. A ideia inicial

da Coroa era suprir seus domínios ultramarinos com produtos advindos da própria

metrópole. No entanto, se o abastecimento das colônias servia como forte motor

expansivo, logo se viu a incapacidade da agricultura metropolitana em responder

adequadamente, pelo lado da oferta, a essa nova demanda. É dessa forma que nasce a

produção de subsistência em terras brasileiras, através de experiências que visavam

não só introduzir aqui novas culturas, mas também adaptar o gosto europeu aos

gêneros aqui encontrados.

As grandes fazendas aqui estabelecidas necessitavam de suprimentos, e como a

terra era abundante, foi natural que se começasse a cultivar os gêneros alimentares no

mesmo espaço dos de exportação. Assim, usando a mesma mão de obra que trabalhava

na grande lavoura, as fazendas buscavam se estabelecer como organismos

autossuficientes, plantando o que consumiam e transferindo os excedentes dessa

produção para o abastecimento dos núcleos urbanos que se formavam.