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econômica crescer e se estabelecer no cenário colonial. Acontece que as terras do centro

do país, ocupadas pela exploração mineral, eram, em sua grande parte, pouco férteis,

incapazes de alimentar a massa humana que se criou em torno da atividade. Além disso,

surgiu a necessidade de se criar novas rotas de transporte para escoar a produção

mineradora em um longo caminho, mata adentro, até o litoral.

Essa nova conjuntura, no entanto, logo demonstrou suas limitações. O

abastecimento da zona mineradora, basicamente Goiás, Minas e Mato Grosso, vinha

então do vale do São Francisco e dos sertões do Nordeste, e o aumento da procura pela

carne causou uma alta dos preços do gado que repercutiu nas necessitadas da zona de

engenho, provocando reação de seus senhores. Além disso, os caminhos utilizados para

levar os alimentos dos sertões da Bahia para a zona da mineração serviam também para

que se contrabandeasse ouro. Com o intuito de coibir esse tipo de evasão é que a carta

régia de 7 de fevereiro de 1701 determina a proibição de comunicação pelos sertões das

capitanias da Bahia e Pernambuco com as capitanias mineradoras. Da mesma forma,

buscando alternativas diante do aumento da demanda em relação à oferta, a carta régia de

7 de maio de 1703 buscava incentivar novas zonas de produção de gado e pecuária em

geral, determinando que se concedesse as terras dos campos de minas até a Serra dos

Órgãos, na região centro-sul do país, sob a forma de sesmarias, com a condição de que o

donatário pusesse um curral de gado dentro de três anos, “para que essa capitania (a do

Rio de Janeiro) e as mais do Sul abundem em gados, e se possam povoar eles as minas”

(Amaral, 1958, p. 91; Simonsen, 1978, p. 157-8). Assim, se estabelece um novo polo

criador no sul do país, polo esse que logo leva vantagem sobre a área do sertão

nordestino, dada a melhor qualidade dos pastos, a facilidade de introdução de espécies de

melhor qualidade, advindas da região platina, e melhores condições mesológicas, além da

própria crise que assolava a indústria açucareira no período (Simonsen, 1978, p. 157-8).

É a partir do crescimento da economia mineradora que, à pecuária bovina, vem se

juntar o comércio e criação de cavalos e mulas. Na verdade, ambos já estavam presentes

na colônia desde o século XVI, mas é só com o crescimento das rotas de comércio no