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Rodrigo de Sá Netto

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civilização no programa do Estado Imperial, em detrimento da necessidade de

manutenção da ordem (Mattos, 1994, p. 190), diretriz que perde importância num

contexto de maior estabilidade política. O encolhimento da Secretaria de Justiça

aparece claramente no decreto n. 2.750, de 16 de fevereiro de 1861, que, reformando-

a, manteve apenas um consultor e reduziu suas seis seções a quatro, uma sensível

diminuição no seu quadro de funcionários condizente com a perda de funções.

Pelo decreto n. 2.445, de 12 de abril 1865, a secretaria recebeu novo

regulamento, de cunho disciplinador, concentrado em temas como o horário dos

servidores, a proibição de se tratar de assuntos estranhos ao expediente do órgão em

suas dependências, a regulação do andamento dos processos e o uso do material da

repartição. Sua estrutura e atribuições, no entanto, mantiveram-se intocadas.

Uma última reforma aconteceu em 1868, instituída pelo decreto n. 4.159, de 22

de abril, que, mesmo sem trazer qualquer alteração em suas atribuições, introduziu

uma importante mudança no que diz respeito à estrutura da secretaria: a extinção do

cargo de consultor.

A Secretaria de Estado dos Negócios da Justiça não sofreu qualquer outra

modificação durante o Império, sendo formalmente extinta pelo decreto de 30 de

outubro de 1891, que, em razão da mudança para o regime político republicano,

reestruturou os serviços da administração federal e instituiu seu sucessor, o Ministério

da Justiça e Negócios Interiores.

Notas

1

Antônio de Araújo e Azevedo, conde da Barca (1754-1817),

um dos grandes representantes do

pensamento ilustrado português, foi conselheiro de Estado, ocupou as pastas de Negócios

Estrangeiros e da Guerra, e do Reino, em Portugal. Acompanhou a família real ao Brasil, onde se

manteve na função de conselheiro, estando à frente das secretarias dos Negócios da Marinha e

Domínios Ultramarinos e dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, chegando a assumir todas as

pastas do governo. Na viagem ao Brasil trouxe sua coleção de livros da área de mineralogia, acervo

mais tarde recolhido à Biblioteca Nacional, e um vasto conjunto de instrumentos de análise química

para uso em seu laboratório particular, que, em 1819, seria incorporado pelo Estado, dando origem

ao Laboratório Químico. Em 1814, depois de se dedicar por seis anos a estudos científicos, retornou

à política e foi nomeado para a pasta dos Negócios da Marinha e Domínios Ultramarinos. Incentivou

a propagação do cultivo de diversas plantas, como o chá no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, e foi

responsável pelo estabelecimento da Imprensa Régia e pela fundação da Sociedade Auxiliadora da

Indústria e Mecânica, que se tornaria, em 1831,

Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional. Foi um

entusiasta da viagem dos artistas franceses ao Brasil, que ficariam conhecidos na historiografia como

a “missão artística francesa”, intervindo a favor deles junto ao príncipe regente, pois percebia na