Caderno Mapa n.6- A Secretaria de Estado do Negócios da Guerra
analisa os acontecimentos políticos deste período de construção do Estado nacional, dividindo os
acontecimentos em 3 fases: a primeira, denominada “Ação”, iria da independência até 1836 e seria
marcada pelo embate entre os elementos democrático e monárquico, tendo fim após a abdicação de d.
Pedro e a vitória da corrente democrática, com a edição de reformas descentralizadoras; já a segunda
fase, a “Reação”, durou de 1836 a 1852 e caracterizar-se-ia pela predominância do princípio
monárquico, que, através de atos como a Lei de Interpretação do Ato Adicional e da centralização
judiciária reformou as conquistas liberais do início do período da regência. A síntese entre esses dois
períodos, a “Transação”, seria o período inaugurado em 1853 com o chamado gabinete da conciliação
do marquês de Paraná. Vamos nos deter um pouco sobre esta análise.
O livro de J. J. da Rocha, editado em 1855, tem uma clara proposta: justificar o Gabinete da
Conciliação do marquês de Paraná e analisar teleologicamente os acontecimentos anteriores, que
encontrariam sua síntese neste gabinete. A data escolhida como fim do período da “Ação”, 1836, é uma
data de extrema relevância não apenas por ser pouco depois da edição do Ato Adicional, mas por ser
este o ano da organização do Partido Conservador, que aglutinou-se originariamente pela necessidade
de se criar limitações às medidas deste ato, que, na leitura desses atores, davam à organização do Estado
um caráter federativo. De acordo com J. J. da Rocha, passado o período da luta contra as 'medidas
autoritárias' de d. Pedro I e da 'anarquia' das primeiras rebeliões nativistas, era momento de garantir a
unidade nacional. Mas a quem caberia esta tarefa?
“Fui liberal (...), hoje sou regressista” afirmava Bernardo Pereira de Vasconcelos em seu discurso à
Câmara dos Deputados em 1837. Com essas palavras ele iniciava a explicação de sua mudança de
posição, que de liberal de primeira hora, adere aos preceitos do Regresso. Para os regressistas era hora
de fazer o “carro da revolução parar”; a vida política deveria abandonar as ruas e os valores de
autoridade e ordem deveriam voltar a se impor. Buscavam ainda enfatizar a soberania nacional, que se
encontrava em risco em meio a tantas rebeliões.
Nomes como os fazendeiros fluminenses Paulino José Soares, Joaquim José Rodrigues Torres e
Eusébio de Queiroz (que ficaram conhecidos como a trindade saquarema), além de Honório Hermeto
Carneiro Leão e do paulista José da Costa Carvalho, compuseram o núcleo deste grupo, que orientou a
organização política do Estado brasileiro desde o fim das regências até o renascimento liberal nos anos
1860. Suas políticas seriam ainda questionadas por algumas frações de proprietários rurais, mas após a
derrota militar dos liberais em 1842, seguida da ascensão ao poder do Partido Liberal apenas 2 anos
depois, nas eleições de 44, os liberais perceberam que o jogo do poder estava aberto no parlamento,
pelo menos para o seu grupo, e em nada alterariam as reformas realizadas pelos conservadores. A
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