Caderno Mapa n.6- A Secretaria de Estado do Negócios da Guerra
proporcionem ao governo os precisos meios de força, seja para
manter a ordem interna do país, seja para repelir qualquer invasão
estrangeira (…). Acresce ainda, que havendo-se criado em algumas
províncias Companhias Provisórias, que não fazem parte de corpo
algum do Exército, e tendo-se chamado em outras a Guarda Nacional
para suprir a falta da tropa de 1ª linha, em último resultado sucede
maiores, todos os gravames, que indispensavelmente o acompanham;
resultando de um estado de coisas, que nem todas as províncias se
acham suficientemente guarnecidas, nem tão pouco a força existente
apresenta, nem pode apresentar aquela unidade, que lhe vigora a ação,
e aquela disciplina e organização, que lhe é mister (…) torna-se
urgentíssima a face do desmantelamento em que se acha o exército, e
da necessidade, por todos sentida, de se lhe dar uma nova
organização.
” 16Rêgo Barros traçava assim para a Secretaria de Estado dos Negócios da Guerra, a partir do discurso
conservador, um projeto político de reforma. Para o ministro, o estado de desmantelamento do
Exército era o que dificultava a instauração da ordem pelo país, dominado por rebeliões de norte a sul,
dos cabanos aos farrapos. No ano anterior o deputado Bernardo Pereira de Vasconcelos questionara o
então ministro da Guerra, Saturnino Pereira, por seu lacônico relatório e afirmava que de sua parte não
poderia “
votar quantia alguma para o material do Exército sem que saiba o que existe, o que possui
” 17. Se a
administração liberal era acusada pelos conservadores de ser desorganizada e anárquica, ao assumir o
governo os conservadores buscavam a sua legitimação política como sendo aqueles que poderiam dar
uma estruturação racional e organizada à administração. Dessa forma, Rêgo Barros segue o pedido do
ano anterior feito por Vasconcelos e edita um relatório que, além de iniciar com o balanço político do
período já citado acima, diferencia-se também por sua minuciosidade. Era cerca de quatro vezes maior
que os relatórios anteriores (que vinham sendo editados desde o ano de 1827) e vinha dividido em duas
partes: “Proposta”, em que apresentava o estado geral da secretaria e “Relatório”, com uma descrição
pormenorizada sobre cada repartição do Exército e com diversos mapas, gráficos e tabelas anexos ao
final. Além de um novo formato de relatório, Rêgo Barros mostrava-se preocupado em acompanhar de
perto o desenrolar das revoltas no país, tendo visitado inclusive o Rio Grande do Sul em plena guerra
civil em 1839 e anexado ao seu relatório a troca de correspondência que teve com o presidente da
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BRASIL. Ministério da Guerra. Relatório do ano de 1837 apresentado à Assembleia Geral Legislativa na sessão ordinária de 1838. Rio de Janeiro:
Tipografia Nacional, 1838.
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SOUZA, Adriana Barreto de.
O Exército na consolidação do Império:
um estudo histórico sobre a política militar conservadora. Rio de Janeiro: Arquivo
Nacional, 1999. p. 87
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