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Caderno Mapa n.7 - A Secretaria de Estado do Negócios Estrangeiros e a consolidação das relações exteriores no Brasil

... todas as negociações com as Cortes estrangeiras; as

nomeações dos ministros que houverem de me servir nas ditas

Cortes; as instruções, avisos, ordens e respostas das cartas dos

mesmos ministros; os despachos sobre a sua subsistência; os

tratados de paz, guerras, alianças, comércio, casamentos, e

quaisquer outros que se celebrarem de nação a nação; as cartas

para os reis, príncipes, e quaisquer outras pessoas de fora de

meus domínios; e as conferências com os ministros

estrangeiros que assistirem na minha corte, exceto quando eu

for servida nomear a algum deles outro conferente particular.

(IHGB, lata 4, doc. 21)

Apesar de constituírem uma só secretaria de Estado, os assuntos relativos aos estrangeiros e à

guerra eram bipartidos dentro da secretaria de acordo com as áreas de atuação, visto que existia um

chefe responsáve

l 1

para cada negócio. Em 1801 houve uma breve separação através d

a carta régia de 6

de janeiro

, dando origem a duas pastas distintas: a Secretaria de Estado dos Negócios da Guerra e a

Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros. A Guerra das Laranjas, conflito entre P

ortugal e

Espanha poderia explicar a divisão do ministério, visto que nesse momento, os assuntos militares

ganharam maior destaque. Porém, essa divisão vigorou somente por seis meses, sendo revogada pelo

aviso de 28 de julho de 1801

(MARTINS, 2006, p. 5-6; SECRETARIA DE ESTADO DOS

NEGÓCIOS ESTRANGEIROS E DA GUERRA, s.d.).

Nos anos iniciais do século XIX, a Europa viveu um período de diversas transformações nos

aspectos políticos, econômicos e sociais, que abalaram as estruturas do Antigo Regime e que foram

influenciadas sobretudo por questões como a Revolução Industrial inglesa, a Independência dos

Estados Unidos (1776) e a Revolução Francesa (1789), com a consequente ascensão de Napoleão

Bonaparte como primeiro cônsul francês (1799) e depois imperador (1804). Nos anos em que

Napoleão esteve no poder, buscou expandir as conquistas da revolução para outras regiões. Além disso,

buscou ampliar os mercados para a incipiente indústria francesa através da eliminação da concorrência

britânica, que dominava o mercado mundial com suas manufaturas, estabelecendo em 1806 o Bloqueio

Continental, que significava a atuação militar para proibir as nações europeias de comercializar com a

Inglaterra. (NEVES; MACHADO, 1999, p. 24-29).

1

Segundo Ana Canas Delgado Martins (2006, p. 6), no Almanach de Lisboa do ano de 1788, já constava essa dupla chefia.

Martinho de Melo e Castro era o responsável interino dos Negócios Estrangeiros e o visconde de Vila Nova da Cerveira o

dos Negócios da Guerra.

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