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Caderno Mapa n.7 - A Secretaria de Estado do Negócios Estrangeiros e a consolidação das relações exteriores no Brasil

A sexta divisão era responsável pelos decretos, certidões e cartas a príncipes. Já as cinco divisões

restantes eram destinadas exclusivamente à correspondência interna e externa da secretaria, sendo cada

uma responsável por uma localização geográfica diferente, conforme a tabela abaixo:

Divisões

Correspondência interna e externa

Inglaterra e Corte

França, Estados Unidos e Estados americanos.

Passaportes, Áustria, Roma, Nápoles, e qualquer outro Estado da Alemanha ou da Itália.

Países Baixos, Cidades Hanseáticas, Rússia, Dinamarca, Suécia e Prússia . Cartas patentes.

Portugal, Espanha, Angola, Moçambique e outro qualquer Estado da África ou da Ásia, e

províncias

Fonte: Portaria de 15 de setembro de 1828. Arquivo Histórico do Itamaraty. Lata 669, maço 1, pasta 4.

Podemos notar que a organização da secretaria foi baseada em critérios geográficos e que essa

estruturação pode ainda sinalizar a existência de uma hierarquização nas relações diplomáticas

brasileiras ao observamos, por exemplo, que a primeira divisão trata exclusivamente da correspondência

da corte e da Inglaterra. Cabe ressaltar que no primeiro reinado, as relações entre Brasil e Inglaterra se

tornaram muito intensas, sobretudo no contexto do reconhecimento da independência e seus

desdobramentos.

O primeiro país a reconhecer a autonomia brasileira foram os Estados Unidos em 1824, de acordo

com os princípios da Doutrina Monro

e 9 .

Entretanto, as nações europeias não viam a independência

brasileira com bons olhos, já que o ato de ruptura era contrário aos princípios restauradores vigentes

após a queda de Napoleão. Para resolver esse impasse, o apoio britânico tornou-se crucial (CERVO;

BUENO, 1986, p. 11-18). Inglaterra e Portugal eram aliados há séculos, mas, por outro lado, o Brasil

representava um grande mercado consumidor e fornecedor de matérias-primas para os britânicos.

Desse modo, o reconhecimento da independência pelos ingleses foi orientado no sentido de manter as

relações com o aliado histórico e também as relações econômicas com a antiga colônia lusa. Assim, a

Inglaterra foi responsável pela mediação do reconhecimento da independência pelos portugueses. Após

muitas negociações, através do tratado de 29 de agosto de 1825, d. João VI reconheceu:

9

Termo referente à política externa do presidente norte-americano James Monroe em relação às nações da América. Em um

discurso no Congresso, em 2 de dezembro de 1823, Monroe declarou que os Estados Unidos deveriam prezar pela liberdade

e defesa de seus vizinhos desse lado do Atlântico.

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