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Caderno Mapa n.7 - A Secretaria de Estado do Negócios Estrangeiros e a consolidação das relações exteriores no Brasil

menor que os portugueses (16%) e das demais nações estrangeiras (24%) (DEVEZA, 1995, p. 63). Essa

conjuntura inspirou um movimento de caráter liberal na cidade do Porto, iniciado em 24 de agosto de

1820, que tinha como principais reivindicações o restabelecimento de Portugal como sede do Império

luso-brasileiro e a elaboração de uma constituição através da convocação das Cortes Gerais e

Extraordinárias da Nação Portuguesa. Rapidamente o movimento ganhou força em Lisboa e no

restante do reino português, influenciado sobretudo pela vitória do movimento constitucionalista na

Espanha. (NEVES; MACHADO, 1999)

No Brasil, já no início de 1821 surgiram, nas províncias do Pará e da Bahia, as primeiras

manifestações de adesão ao movimento constitucionalista português. No Rio de Janeiro, em 26 de

fevereiro, as tropas da Divisão Auxiliadora portuguesa exigiram de d. João VI algumas medidas, como o

juramento dos princípios da futura constituição, a adoção temporária da Carta Constitucional espanhola

e a demissão de alguns membros do governo. A questão foi resolvida pelo príncipe d. Pedro, que,

representando o rei, conseguiu um acordo em que seria jurada apenas a carta magna que viesse de

Lisboa, evitando a implantação da Constituição espanhola e também a formação de uma junta

governativa de nomeação popular. Além disso, conseguiu que o rei tivesse o direito de aprovar ou

recusar os atos das Cortes.

Em 7 de março, d. João VI anunciou seu retorno a Portugal e a permanência de d. Pedro noBrasil,

determinando também a eleição de deputados brasileiros para representação nas Cortes. O rei, que

partiria em 24 de abril, deveria deixar instruções para o príncipe e, como forma de conter as

manifestações contrárias, marcou uma reunião com os eleitores de comarca para a aprovação das

instruções e para a escolha dos secretários de Estado. A reunião dos eleitores, porém, deu lugar a uma

manifestação de cidadãos que reivindicavam a adoção imediata da Constituição espanhola e a formação

de uma junta, aprovada em assembleia, para auxiliar o príncipe. A manifestação foi dispersada pelas

tropas e no dia seguinte d. João VI decretou a anulação da constituição espanhola, estabeleceu poderes

de regência a d. Pedro e nomeou os ministros. (NEVES; MACHADO, 1999, p-69-73)

O decreto de 22 de abril de 1821 determinou amplas atribuições governativas ao príncipe regente,

relativas à administração da justiça, da fazenda, dos assuntos eclesiásticos, de nomeações, graças e

procedimentos em caso de guerra, dentre outros assuntos. O decreto também indicou os ministros de

Estado, sendo o conde dos Arcos nomeado como “

Ministro e Secretário de Estado dos Negócios do Reino do

Brasil e Negócios Estrangeiros

”. Através dessa nomeação, os negócios relativos aos estrangeiros saíram da

Secretaria de Estado dos Negócios da Guerra e Estrangeiros, formando uma nova secretaria de Estado

juntamente com a dos Negócios do Reino, que passou a denominar-se Secretaria de Estado dos

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