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No Brasil, além da Companhia da Pesca da Baleia das Costas do Brasil, que

assumiu o monopólio que a Coroa já possuía sobre a pesca do animal, foram fundadas

mais duas companhias, ambas encarregadas de garantir o monopólio comercial e

também incentivar a produção: a Companhia de Comércio do Grã-Pará e Maranhão,

cujos estatutos datam de 6 de junho de 1755, aprovados um dia depois, e a Companhia

Geral de Pernambuco e Paraíba, instituída em 30 de julho de 1759, mas que só teve

seus estatutos aprovados no alvará de 13 de agosto daquele mesmo ano (Reis, 1982, p.

330).

Possuindo modelos de operação muito similares, ambas as companhias tiveram

suas sedes estabelecidas em Lisboa e foram autorizadas a funcionar por um prazo de

vinte anos. A elas foi concedido o monopólio do abastecimento, comércio e

navegação na região estabelecida, além do direito de manter feitorias na costa da

África que visassem garantir o suprimento de mão de obra escrava. Receberia, por

parte do Estado, o direito de usar prédios públicos, estaleiros e armazéns, sendo seus

cotistas agraciados com privilégios de nobreza (Reis, 1982, p. 330; Faria, 2001, p. 129)

Diferentemente das suas antecessoras, as companhias fundadas por Pombal no

Brasil não surgiram com um caráter apenas de defesa das linhas comerciais. Suas

funções eram muito mais amplas, incluindo o desenvolvimento agrícola regional, o

favorecimento à construção de navios, a introdução de escravos africanos na bacia do

Amazonas, entre outras, atuando como ferramenta estratégica em uma estrutura

comercial que buscava estimular a indústria do reino, exportando manufaturas e

importando matéria-prima. Seus navios normalmente partiam para o Brasil com

produtos manufaturados e regressavam com açúcar, tabaco, algodão, couro etc. Não

receberam, portanto, o monopólio de apenas alguns produtos, mas de todo o comércio

na região, ficando proibida, a partir de então, toda a navegação livre (Bragança, 2008,

p. 25; Dias, 2009, p. 17; Silva, 1998, p. 498).

As companhias também exerceram um papel muito importante dentro de uma

tendência de ampliar a variedade da produção colonial no século XVIII e ajudaram a

promover o surgimento de novos produtos, que levaram a uma crescente