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economia mineradora, o que proporcionou à colônia manter sua posição de destaque

nos quadros da economia lusitana. No entanto, os últimos anos do reinado de d. João

V, na primeira metade do século XVIII, são marcados por um enfraquecimento do

Estado, e uma constante tensão social entre a aristocracia e o clero, de um lado, e a

burguesia mercantil, de outro. A tradicional posição daqueles na burocracia estatal

via-se sob forte pressão por parte destes, que, por meio dos notáveis ganhos

comerciais obtidos nos últimos anos, buscavam ascender e possuir mais influência nas

decisões do Estado.

Com o passar do tempo, a fonte mineradora começa a secar e o país é obrigado

a acordar “lentamente do seu longo sonho de metais e pedras preciosas” (Prado

Júnior, 2000, p. 133). Com o declínio da renda proveniente do ouro brasileiro, que

diminuiu cerca de 50% entre 1750 e 1770, Portugal encontra-se numa situação difícil,

que faz o Estado se enfraquecer ainda mais (Silva, 1998, p. 495), pois ele não possuía

mais o monopólio do comércio com o Oriente, perdido ainda no século XVII,

enfrentava forte competição comercial de outros países europeus e ainda estava preso

ao desfavorável Tratado Methuen, assinado em 1703, e que levou sua já pequena

indústria manufatureira a se contrair em prol da exportação de vinho, além de

consumir boa parte da receita mineradora vinda do Brasil, usada para financiar o

déficit na balança de pagamentos com a Inglaterra. Ao mesmo tempo, via o açúcar

brasileiro sofrer forte concorrência da produção antilhana e o pau-brasil, antes tão

lucrativo, já não era sinônimo de lucro fácil (Reis, 1982, p. 328). É nesse contexto

quase calamitoso que o rei d. José I ascende ao trono em 1750 e empossa Sebastião

José de Carvalho, então conde de Oeiras e futuro marquês de Pombal, como secretário

de estado da Guerra e dos Negócios Estrangeiros, dando início a uma série de

reformas e a uma grande mudança no rumo da política portuguesa.

Procurou Pombal racionalizar a administração portuguesa, imbuído do espírito

ilustrado de aumentar os rendimentos e minimizar os desperdícios através da redução

de gastos inúteis do aparato administrativo, promovendo assim uma grande

reorganização, que incluía a extinção e reestruturação de órgãos, revisões funcionais,