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diversificação da pauta de exportações agrícolas da colônia através de uma série de

facilidades que oferecia, como seguridade de preços, financiamentos aos lavradores,

importação de técnicos para aperfeiçoar e fomentar novas maneiras de cultivo, assim

como trazendo sementes de novas culturas a serem exploradas. De fato, nesse período

proliferaram as plantações de algodão, arroz, cacau, cravo e canela, além do anil,

cochonilha e gengibre, entre outras. Tais incentivos se concentravam essencialmente

no Maranhão, onde a cultura da cana havia sido proibida por iniciativa régia em 19 de

junho de 1761, para não concorrer com a produção pernambucana e se incentivar ali

a produção do algodão (Reis, 1982, p. 335; Brito, 1980, p. 161). Esse esforço parece ter

dado resultado: no período entre 1796 e 1811 o algodão foi o segundo produto

agropecuário mais exportado pelo Brasil, representando 24,4% das exportações,

perdendo apenas para o açúcar, com 34,7%. O tabaco, antigo produto, foi responsável

por apenas 3,8%, atrás do couro, que representava 9,8%, e do arroz, com 4%, e pouco

à frente do cacau, que respondia por 2,7% (Arruda, 1980, p. 353-354).

A produção algodoeira sem dúvida capitaneou essa ascensão de novos produtos

agrícolas. Cultivado no Brasil desde a chegada dos primeiros colonos, o algodão foi

incentivado pela metrópole no Ceará e, assim como em São Paulo, teve sua

exploração desenvolvida pelos jesuítas (Del Priore, Venâncio, 2006, p. 107). No

entanto, perdeu sua importância inicial a partir do século XVI. Frederic Mauro estima

que, no final do século XVI, o frete pago pelo transporte do algodão cru até Lisboa

igualava os custos de produção, cerca de 2$000 mil réis por arroba, tornando sua

cultura praticamente inviável (Mauro, 1998, p. 466). Esse cenário começou a mudar

com o desenvolvimento de novas máquinas de fiação, no século XVIII, e o produto

voltou a ser altamente cotado no mercado internacional, com sua demanda aquecida

pela ascensão da indústria têxtil inglesa, no bojo da Revolução Industrial. Destacou-se

a partir de então, como principal região exportadora, o Maranhão, que enviou sua

primeira remessa ao exterior em 1760 (Prado Júnior, 2000, p. 147).

O desenvolvimento dessas novas culturas era sempre acompanhado de

medidas protecionistas. Outro bom exemplo é o arroz, cuja cultura se expandiu