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modernas e estimulando o cultivo de novas culturas comercializáveis, além do
aumento de qualidade daquelas já existentes (Kirschner, 2009, p. 1).
No entanto, parece que a instalação das Mesas de Inspeção e outras medidas,
como a isenção de direitos à exportação do tabaco para outros reinos, dada pelo alvará
de 30 de abril de 1774, não foram suficientes para combater a fraude e o contrabando,
o que fez com que Pombal, mesmo no apagar das luzes do seu período de governo,
emitisse o alvará de 15 de julho de 1775, que visava melhorar o cultivo, o
processamento e o armazenamento do tabaco (Silva, 1998, p. 497). Nele estão contidas
orientações referentes não só ao processo de exame do produto para exportação, por
conta das Mesas de Inspeção, mas também as relativas ao cultivo da terra, ao trato das
sementes, a transporte, entre outras. Faz-se notar, inclusive, a suspensão da legislação
que proibia o cultivo da mandioca e a criação de gado em certas regiões, buscando,
assim, incentivar o uso do adubo natural e a expansão de terras da lavoura (Nardi,
1996, p. 158). Termina o alvará concedendo “toda a ampla jurisdição à Mesa de
Inspeção da Bahia, que lhe for necessária, para proceder contra os transgressores,
conforme a ocorrências dos casos”.
Além das novidades trazidas pelas reformas pombalinas, vemos surgir, na
segunda metade do século XVIII, um interesse mais sistemático pelo estudo das
ciências naturais, cristalizado pelo surgimento de instituições ligadas à sua pesquisa e
conservação. Tais instituições não se limitavam ao interesse acadêmico e visavam
também a busca de novas possibilidades econômicas para o império português, sendo,
por isso, incentivadas pela Coroa (Del Priore, Venâncio, 2006, p. 103). É nesse intuito
que vemos surgir, em Portugal, o Museu de História Natural, o primeiro Jardim
Botânico e, em 1779, a Academia Real de Ciências, que, nas palavras de André Silva,
“dedicou-se ao incentivo da agricultura, porém muito mais dentro de uma tendência
geral que enfatizava o desenvolvimento agrário do que em decorrência de uma
genuína influência fisiocrata” (Silva, 1998, p. 506).
No Brasil, tal tendência também teve repercussões. Antes mesmo do que a
metrópole, a colônia teve sua primeira academia científica estabelecida em 1772 no