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Caderno Mapa n.9- A Secretaria de Estado do Negócios da Fazenda e o Tesouro Nacional

significava um status superior, por receber ordens diretamente do rei, distinguindo então esses

servidores em relação aos outros detentores de cargos políticos. Tal tendência, no entanto, ganha força

na primeira metade do século XIX, quando o termo ministro é usado constantemente como prefixo

para o título de secretário de Estado (Almeida, 2008, p. 40-41). Tal fato ocorrerá também no império

brasileiro, onde a legislação incorporará essa característica, sendo normal o uso do termo ministro e

secretário de Estado dos Negócios da Fazenda.

Essencialmente, as funções dos secretários de Estado consistiam em servir de elo entre o monarca e

os conselhos e tribunais, encaminhado as correspondentes consultas e petições e expedindo as

resoluções tomadas (Subtil, 1993, p. 178). No entanto, a citada mudança de paradigma que marcou a

administração lusa no decorrer do século XVIII fez como que a figura dos secretários passasse a ganhar

cada vez mais autonomia. Posteriormente, em 1763, o rei promoveu uma grande reformulação de suas

secretarias, formalizando a divisão em torno de áreas de atuação mais bem definidas. Assim, passaram a

existir três secretarias de Estado: a Secretaria de Estado dos Negócios Interiores do Reino, a Secretaria

de Estado da Marinha e Domínios Ultramarinos e a Secretaria de Estado dos Negócios da Guerra e

Estrangeiros (Almeida, 2008, p. 34-35). Essa estrutura manter-se-á até 1788, quando será somado a esse

grupo o cargo de secretário de Estado da Fazenda.

Com isso, precisamos entender as secretarias de Estado como estruturas inicialmente simples, de

despacho, atuando como um símbolo da função exercida pelos secretários de Estado, ao qual estariam

submetidos diversos outros órgãos ligados a suas respectivas áreas de competência.

É o entendimento dessa dinâmica institucional típica do Antigo Regime que nos permite entender

como, em Portugal, a criação do cargo de secretário da Fazenda precedeu a criação da secretaria. É esta

mesma dinâmica também que nos ajuda a entender como a secretaria, ao se constituir, passará a

relacionar-se com o já existente Erário Régio; enquanto este possui um caráter executivo, a secretaria

ocupar-se-á do comando político e administrativo da área financeira. (Subtil, 2006, p. 17)

Como veremos, essa divisão entre secretaria e Erário estabelecida em Portugal guiará o

desenvolvimento dos seus homônimos criados em terras brasileiras ao longo do século XIX. Na

verdade, a trajetória administrativa da Secretaria de Fazenda brasileira se diferenciará muito da das

outras secretarias de Estado, visto que nenhuma outra possuía um braço executivo institucionalizado,

como era então o Erário.

Por fim, há outro acontecimento importante do ponto de vista administrativo no século XVIII.

Além da criação da Secretaria de Fazenda, o reinado de d. Maria em Portugal foi marcado ainda pela

união do Conselho de Fazenda ao Erário Régio pelo alvará de 17 de novembro de 1790. O documento

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