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Caderno Mapa n.9- A Secretaria de Estado do Negócios da Fazenda e o Tesouro Nacional

Superintendências do Tabaco - em 1702 - para cuidar dos

despachos e controlar a arrecadação do

comércio desse produto, que começava a se destacar da pauta de exportações.

O aumento da

exploração de ouro nesse período acarretou ainda o surgimento de instituições voltadas para a

otimização da administração e da arrecadação desse setor, buscando regular a exploração mineral e

combater o contrabando, que crescia de forma proporcional ao comércio de ouro. Nesse sentido,

destacam-se a criação das Intendências do Ouro, em 1736, da Intendência dos Diamantes, em 1734,

dos provedores de registro e da Casa da Moeda, em 1694, estabelecida inicialmente na Bahia. Vale dizer

que a Casa da Moeda foi ainda transferida para o Rio de Janeiro em 1698, e depois para Pernambuco

em 1700, até retornar para o Rio de Janeiro em 1702, além de terem sido criadas outras casas da moeda

na Bahia, em 1714, e em Minas Gerais, em 1725, que só tiveram suas atividades encerradas em e 1734,

respectivamente (Salgado, 1985, p. 83-95; Lobo, 2013a).

O crescimento do comércio de metais preciosos foi responsável ainda pelo deslocamento do centro

econômico da colônia, do sudeste, onde até então prevalecia a produção agrícola de açúcar, tabaco e

pau-brasil, para o sudeste, onde se concentravam as minas de exploração mineral. Tal deslocamento foi

simbolizado pela mudança da sede do governo-geral, que, em 1763, passou a ser estabelecida no Rio de

Janeiro.

Esse quarto período é marcado ainda pela instalação na colônia do Conselho de Fazenda em 26 de

dezembro de 1695. Sua composição envolvia o governador-geral, o provedor-mor, o juiz dos feitos da

Fazenda, o procurador da Fazenda e dois desembargadores dos agravos da Relação da Bahia, e,

segundo o regimento de 3 de abril de 1696, sua função era, entre outras, atuar de forma consultiva

sobre a administração e arrematação de contratos, devendo dar apelação e agravo ao Conselho

Ultramarino em Lisboa (Camargo, 2013b).

Por fim, a última fase de mudanças na estrutura fazendária da colônia compreende a segunda

metade do século XVII, seguindo tendências que, como vimos, marcaram a ruptura de paradigmas na

administração de todo império português. Trata-se de medidas que buscavam se aprofundar no caráter

de especialização dos órgãos fazendários já iniciado nas décadas anteriores, forjando um modelo que

não mais se baseasse em autoridades territorialmente isoladas, mas que concentrasse a administração

em certos “pontos-chave”, aumentando seu poder de fiscalização e diminuindo seu caráter personalista

em prol de um cunho racionalista, capaz de atender às necessidades do Estado e sua busca pelo 'bem-

comum', o que envolvia maior controle sobre arrecadação e despesas. É nesse período, como vimos,

que é estabelecido em Portugal o Erário Régio, buscando atuar como órgão central da administração

financeira nessa nova ordem.

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