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Caderno Mapa n.9- A Secretaria de Estado do Negócios da Fazenda e o Tesouro Nacional

Um dos mais completos estudos da organização administrativa colonial, o livro Fiscais e Meirinhos,

coordenado pela historiadora Graça Salgado, apresenta uma esquematização das estruturas fazendárias

coloniais, dividindo sua evolução em cinco fases distintas até 1808, que refletem o crescimento do

poder de fiscalização da metrópole sobre a exploração das atividades produtivas e comercias na colônia,

buscando se apropriar cada vez mais da lucratividade gerada.

A primeira fase compreende as primeiras décadas do século XVI, pouco após o descobrimento do

país. Nesse período, o modelo de exploração econômica foi baseado no arrendamento da exploração a

particulares, que, por sua vez, deveriam custear as expedições, a administração e o desenvolvimento do

novo território, além, claro, de pagar tributos sobre a produção comercializada. Foram emblemáticas

dessa época as expedições de Fernão de Noronha e Martin Afonso, bem como o começo do

estabelecimento das primeiras capitanias hereditárias.

Um segundo momento surge partir da primeira experiência de centralização administrativa, gerada a

partir da criação de um governo-geral na Bahia, em 1548. Esse movimento veio acompanhado de uma

busca por maior centralização também na área fazendária, simbolizada pela criação dos cargos de

provedor-mor e provedor da fazenda, ambos em 17 de dezembro de 1548. O provedor-mor atuava

como instância superior em termos de administração fazendária, respondendo diretamente aos órgãos

metropolitanos sobre a situação financeira da colônia. Já os provedores, que também aparecem na

legislação na forma institucionalizada de Provedoria da Fazenda, eram responsáveis pela fazenda real

nas capitanias, com atribuições que envolviam desde a administração das rendas reais até questões

judiciais envolvendo direitos régios e doação de sesmarias (Salgado, 1985, p. 83-95; Camargo, 2014)

A união das coroas portuguesa e espanhola sob um único governo denominado União Ibérica,

entre 1580 e 1640, deu origem a um terceiro estágio, marcado pela expedição de novas

regulamentações, que aumentavam os poderes dos provedores e do provedor-mor no seu

relacionamento com os capitães de capitanias. É neste momento também que começam a surgir as

primeiras legislações voltadas para a regulamentação da exploração aurífera, que teria seu auge no fim

do século XVII e início do XVIII. Nesse contexto, destaca-se o chamado “Primeiro regimento das

terras minerais”, de 15 de agosto de 1603, que criou as casas de fundição e as provedorias das minas,

com o objetivo de administrar as descobertas de metais preciosos e regular sua distribuição (Salgado,

1985, p. 83-95; Camargo, 2013a).

A quarta fase, entre 1640 e 1750, seria marcada pela criação de órgãos especializados, contrastando

com as medidas anteriores, que se voltavam para a regulamentação da atuação dos cargos de

gerenciamento fazendário. É nesse período que são estabelecidos órgãos importantes como as

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