Previous Page  27 / 79 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 27 / 79 Next Page
Page Background

26

2.

E

STRUTURAS ADMINISTRATIVAS LIGADAS À

AGRICULTURA

ELEMENTOS FUNDADORES

Ao estarmos interessados em entender a agricultura como uma questão de

Estado (e, nesse caso, exclusivamente do Estado monárquico português), temos que

entender que as características da administração metropolitana se manifestam

diretamente na estruturas coloniais, sendo a compreensão daquelas essenciais para a

análise destas. E nisso incluímos não só as características organizacionais, mas

também a concepção de Estado inerente a elas. Como afirma Lúcio de Azevedo:

Na monarquia portuguesa o chefe do Estado, por circunstância de

ordem social e costume antigo, era também negociante. Em país de

que a indústria pacífica consistia principalmente na agricultura, ele

era proprietário rural e o maior de todos. O mais certo de seus créditos

vinha-lhe dos produtos da terra: da que por sua conta se cultivava; da

cobrança das rendas e foros; das quotas parciais na exploração agrícola

(Azevedo, 1947, p. 120).

Através dos monopólios, empregados constantemente em todo império

ultramarino, a Coroa busca manter seu controle sobre a produção da terra e a renda

comercial. Logo, a expansão do comércio para além da atividade meramente agrícola

(passando a comerciar escravos, especiarias etc.) estende as atribuições reais e,

consequentemente, do Estado:

de tudo havia nos armazéns da Coroa, em tudo ela

negociava. [...] Com a expansão marítima o rei, que fora o principal senhor agrário,

era agora também o principal mercador

(Azevedo, 1947, p. 120).

A atividade comercial está então ligada diretamente à atividade produtiva e

isso, derivando do poder real, vai se espalhar por toda a organização da administração

colonial. Aqui, é importante olharmos com cuidado: sem dúvida a atividade comercial

e a atividade produtiva existem separadamente dentro da colônia, mas, dentro da