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gengibre, que, no ano de sua proibição, constava com quatro mil arroubas e que só

voltou a ser legalizado em 1671, dando espaço para o açúcar reinar quase sozinho no

cenário colonial (Brito, 1980, p. 42-83; Lapa, 1973, p. 113)

A produção canavieira no Brasil apresentou forte expansão no fim do século

XVI, mantendo-se em níveis elevados até 1625, quando se estabilizou, mas logo

voltou a crescer, até a invasão holandesa em Pernambuco desestruturar o mercado,

que só voltou a se recuperar, mesmo que levemente, em 1660, voltando a cair na

década seguinte e amargando uma séria depressão em 1680, atingido o preço de 1$300

por arroba em 1685, contra 3$800 em 1654 (Mauro, 1998, p. 464-5). Tal declínio

coincidiu com a ascensão da exploração mineradora, que, de certa forma, compensou

as perdas de receita da Coroa e desviou a atenção da metrópole.

Foi através da cultura da cana que se estabeleceu o modelo predominante na

estrutura agrária brasileira do período colonial, baseado na grande lavoura, com

produção em larga escala realizada através de mão de obra escrava, voltada para a

exportação, tendo como seus principais centros Pernambuco e Bahia. Como também

afirma Cannabrava, “nenhuma outra forma de exploração agrária no Brasil colonial

resume tão bem as características básicas da grande lavoura como o engenho do

açúcar” (Cannabrava, 1982, p. 204). Caio Prado Júnior, por sua vez, enxerga nesse

modelo de agricultura extensiva o verdadeiro “mal profundo” que, mais que a

capacidade ou incapacidade dos colonos, é responsável pelo já citado baixo nível

técnico na exploração agrícola. Para ele, durante todo o período colonial, a

agricultura brasileira avançou muito pouco em termos de produtividade, estando

sempre baseada na grande oferta de terras, pouco se fazendo em termos de

aproveitamento, restauração ou conservação do solo (Prado Júnior, 2000, p. 135). Essa

característica está baseada “sobretudo no regime político e administrativo que a

metrópole impôs à sua colônia” (Prado Júnior, 2000, p. 138). De fato, como vimos,

desde o início Portugal se preocupou com uma distribuição de terras condicionada à

capacidade dos donatários em utilizá-las. Tal modelo também evidencia que o

nascimento da economia açucareira se realizou em grande parte por meio de capital