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Conforme veremos adiante, o programa naval de 1906, concebido pelo mesmo Alexandrino, tinha

como objetivo principal a aquisição de três navios

dreadnoughts

, tendo se limitado a dois

inicialmente, o

Minas Gerais

e o

São Paulo

, com a finalidade de gerar um espaço de tempo

necessário para a formação dos quadros de oficiais e marinheiros necessários para as novas

máquinas de guerra, assim como outros preparos. A lacuna de tempo entre as aquisições também

seria útil e saudável para os recursos financeiros do governo brasileiro (DI MARTINI, 2014, p. 324).

Entretanto, uma variada gama de fatores, tais como a diferença de opiniões e preferências

técnicas de ministros ao longo do período, assim como a eclosão da Primeira Guerra Mundial e as

dificuldades que a acompanharam, inclusive financeiras, abortaram a aquisição do

Rio de

Janeiro

.

12

Não somente o Brasil encontrou dificuldades de manter um poderio naval que exigia

uma grande quantidade de recursos. Tais obstáculos também foram sentidos por seus vizinhos.

Afinal de contas, o universo da marinha de guerra conhecera grande avanço, seja em qualidade e

tecnologia agregada, seja em número de embarcações, principalmente nos anos do conflito

mundial. Acompanhar tantos progressos demandava gastos volumosos, inviáveis então para os

países sul-americanos.

Após o período de corrida da década de 1910, a América do Sul somente foi conhecer

novas discussões armamentistas por ocasião da Conferência Pan-Americana, realizada em 1923,

na cidade de Santiago. Nela, seguindo os passos da Conferência Naval de Washington

13

, de 1922,

discutiu-se a diminuição de armas entre os países do continente. A Argentina, receosa com uma

possível retomada das pretensões bélicas e hegemônicas brasileiras a partir da contratação da

Missão Naval Americana, exprimiu suas preocupações. Desse modo, buscou-se um entendimento

entre Argentina, Chile e Brasil no sentido de limitar seus programas de armamentos. Contudo, tal

solução não foi alcançada, pois o Brasil obstruiu as negociações, por não concordar com a

diminuição de seu poderio naval.

12. Na verdade, o navio, após ser lançado ao mar, no ano de 1913, foi leiloado com a autorização do Brasil. O governo

turco o adquiriu, rebatizando-o com o nome de

Sultão Osman I

(MARINS FILHO, 2010, p. 201).

13. A Conferência Naval de Washington, realizada em 1922, teve como objetivo negociar a diminuição de tonelagem

de navios de guerra entre as grandes potências navais da época: EUA, Japão, França. Inglaterra, Itália. Estabeleceu,

entre outras coisas, um limite máximo de 35 mil toneladas para os futuros navios de guerra. Sua finalidade essencial

era pôr um freio à corrida armamentista naval, que poderia contribuir para outra guerra de proporções catastróficas,

tal como a ocorrida entre 1914-1918.