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ano de 1924, com o objetivo de comprar um submarino. Em 1925
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, depois do apelo de Félix
Pacheco
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e Gois Calmon aos estados para o auxílio da reconstrução da Marinha, os governos de
São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia votaram um crédito de 10 mil contos cada para esse fim (BRASIL,
1926, p. 7; WALDMANN JÚNIOR, 2012, p. 7). Todavia, no que diz respeito às embarcações, o novo
programa naval concebido pelo ministro Alexandrino aparentemente não rendeu muitos frutos,
visto que somente um submarino foi obtido em sua terceira gestão.
Outro elemento de destaque nesse contexto foi a contratação da Missão Naval Americana
no ano de 1922, com intuito de auxiliar a reorganização do Ministério da Marinha, no âmbito de
suas repartições e instrução da oficialidade. A possibilidade de contratação de oficiais estrangeiros
com o objetivo de modernizar a Marinha nacional não era assunto novo no ministério, presente
desde a primeira década do século XX. De acordo como o ministro Alexandrino, o
desenvolvimento de novas armas e táticas de guerra em decorrência da Primeira Guerra fez com
que o número de oficiais adeptos de uma missão naval estrangeira aumentasse, pois não
acreditavam que a Marinha do Brasil pudesse acompanhar as inovações sem o auxílio de
membros de marinhas “mais adiantadas” (BRASIL, 1923, p. 11). A solicitação de missão naval aos
Estados Unidos tinha sido feita ainda no governo de Epitácio Pessoa, tendo chegado ao Brasil em
21 de dezembro de 1922. Alexandrino explica a preferência dada ao vizinho norte-americano:
A preferência concedida à Marinha dos Estados Unidos foi buscar suas origens no
maior intercâmbio existente entre os oficiais de ambas as corporações, no fato de
já existir convivendo em nosso meio, desde alguns anos, pequeno número de
oficiais daquele país, na afinidade de sentimentos entre os habitantes do mesmo
continente, além de se acharem mais vulgarizados nos nossos círculos navais, os
métodos de treinamento e as normas de organização seguidos nessa república
irmã (BRASIL, 1923, p. 12).
De fato, a presença americana na Marinha brasileira poderia ser vista em escolas de
oficiais como a Escola de Naval de Guerra, criada em 1914. Entretanto, se olharmos mais atrás,
poderemos ver os laços de colaboração entre os governos brasileiro e norte-americano nos
assuntos navais remontando desde os primeiros anos da República.
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35. O relatório do ano de 1925, que deveria ter sido apresentado pelo ministro Alexandrino, foi, na verdade,
apresentado pelo novo ministro Arnaldo Siqueira Pinto da Luz devido ao falecimento daquele em 18 de abril de 1926.
36. Félix Pacheco era ministro das Relações Exteriores (1922-1926) e Góis Calmon governador da Bahia (1924-1928).
37. Convém notar, por exemplo, que a esquadra comprada às pressas pelo governo Floriano Peixoto para reprimir a revolta
de oficias de 1893 foi de navios norte-americanos. Por ocasião dessa mesma revolta, os Estados Unidos mantiveram 1/3 de
sua frota naval na entrada da Baía da Guanabara, em claro apoio ao governo brasileiro. (TOPIC, 2009).