Previous Page  16 / 81 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 16 / 81 Next Page
Page Background

Caderno Mapa n.7 - A Secretaria de Estado do Negócios Estrangeiros e a consolidação das relações exteriores no Brasil

de 1827, e que deveria entrar em vigor até no máximo três anos após esta data (MAMIGONIAN, 2009,

p. 215-223).

Após a assinatura do tratado de 1826 ocorreu um aumento da importação de africanos, pois os

traficantes e fazendeiros temiam as repressões que poderiam vir quando o acordo entrasse em vigor,

em 1830. A lei de 7 de novembro de 1831, regulamentada pelo decreto de 12 de abril de 1832, foi mais

uma medida que visava a repressão do comércio internacional de escravos. Essa lei deu amplos poderes

às autoridades judiciais para reprimirem a entrada de africanos e declarava livre todos os escravos que

entrassem no território brasileiro. Apesar dessa lei, o tráfico de escravos voltou a crescer a partir de

1834. Esse aumento pode ser explicado pela ausência de uma repressão efetiva por parte das

autoridades, que se defendiam das pressões inglesas através de leis abolicionistas, mas construíam o

Estado estruturado na ordem escravista (MAMIGONIAN, 2009, p. 220-230). Como veremos mais

adiante, o não cumprimento dos acordos levou a Inglaterra, em 8 de agosto de 1845, a instituir a

Bill

Aberdeen

, que deu amplos poderes às autoridades britânicas para reprimir o tráfico de escravos em

navios brasileiros.

Após Portugal e Inglaterra, seguiu-se a política de reconhecimento por outras nações. Em 1826,

França, Suíça, Países Baixos, Prússia e Suécia também consideraram legítima a nação independente. Os

atos de legitimação da soberania brasileira foram acompanhados de tratados e convenções de comércio,

entre os anos de 1826 e 1829, com a França, Prússia, Áustria, Grã-Bretanha, Estados Unidos,

Dinamarca, Cidades Hanseáticas e Sardenha (CARVALHO, 1998, p. 42). Esses tratados refletiram uma

política de concessões do governo brasileiro, que em troca do reconhecimento

das potências europeias

e dos Estados Unidos, cedeu às reivindicações comercias dessas nações.

Essas concessões trouxeram alguns problemas para a jovem nação. Apesar da conquista da

soberania, os acordos impuseram restrições quanto ao exercício da justiça, como, por exemplo, a

juridição especial para os súditos ingleses, e também limitou a possibilidade de legislar livremente sobre

tributos de importação, o que acabou por prejudicar o desenvolvimento manufatureiro. Não tardou

para as críticas aparecerem. Em 1827 alguns parlamentares brasileiros formularam questionamentos a

essa política externa, alegando que as concessões descaracterizaram o princípio da reciprocidade,

levando o Brasil a um estado de “s

ujeição e vassalagem

”, apontando para os aspectos que limitaram seu

desenvolvimento. Também consideraram que o Brasil teria “

mendigado

”, em vez de ter negociado o

reconhecimento. Além disso, foi sugerido prudência e desconfiança nas relações com a Europa, ao

mesmo tempo em que foi proposta uma maior aproximação com os países da América. Nesse sentido,

16