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Caderno Mapa n.8- A Secretaria de Estado do Negócios da Marinha

A reforma do Tesouro dos anos 1850 e o fim das contadorias

provinciais

Na biografia que escreveu sobre o seu pai, o Senador Nabuco de Araújo, Joaquim Nabuco

descreveu o gabinete de 1848 como o mais forte e homogêneo que o país já tivera (NABUCO, 1975)

Após 4 anos afastados, os conservadores retomavam o poder numa situação que poderia lembrar a

força do gabinete de 1837, mas com a diferença que

,

desta vez, além de possuir uma Câmara

praticamente unânime, composta por 110 deputados conservadores e apenas um liberal – o que tornava

as votações na Assembleia um processo meramente ritual - assumiriam as pastas de forma conjunta

pela primeira vez os principais articuladores do Partido Conservador, : Eusébio de Queirós, Rodrigues

Torres e Paulino Soares (que ficariam conhecidos como a trindade saquarema) seriam empossados

respectivamente nas pastas da Justiça, Fazenda e Relações Exteriores. O discurso conservador estava,

pois, afinado para que se efetuasse aquilo que J. J. da Roch

a 13

definiria como a fixação dos alicerces do

trono imperial. Somando isso ao tempo que os conservadores permaneceram no poder, temos o

quadro que torna este o gabinete conservador por excelência, que conseguiu aprovar reformas

estruturais que se arrastavam em discussão por décadas, como a abolição do tráfico negreiro, a

promulgação do Código Comercial e da Lei de Terras. Outra reforma importante deste período, que

interferiu diretamente na organização da Marinha, foi a reforma do Tesouro Público e das tesourarias

de Fazenda, capitaneada justamente pelo já citado ministro José Joaquim Rodrigues Torres, que após

comandar a Secretaria de Marinha em diversos períodos, esteve à frente da Secretaria de Estado dos

Negócios da Fazenda de 1848 até 1853

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.

As reclamações presentes nos relatórios de Rodrigues Torres, enquanto ministro da Marinha

durante os anos 30 e 40, a respeito da incapacidade das tesourarias provinciais em fiscalizar as contas

das repartições de Marinha localizadas fora da Corte eram ressoadas em seu outro extremo, nos

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Justiniano José da Rocha foi um jornalista e político ligado ao Partido Conservador, que, em 1855 escreveu uma obra intitulada 'Ação,

Reação e Transação'. Nesta obra ele analisa os acontecimentos políticos deste período de construção do Estado nacional, dividindo os

acontecimentos em 3 fases. A primeira, denominada 'Ação', iria da independência até 1836 e seria marcado pelo embate entre os

elementos democrático e monárquico e acabaria com a abdicação de d. Pedro e a vitória dos democratas a partir da edição de reformas

descentralizadoras. Já a segunda fase, a “Reação” durou de 1836 a 1852 e se caracterizou pela predominância do princípio monárquico,

que, através de atos como a Lei de Interpretação do Ato Adicional e da centralização judiciária, reformou as conquistas liberais do início

do período da regência. A síntese entre essas duas fases seria o período inaugurado em 1853 com o chamado gabinete da conciliação do

marquês de Paraná. O livro de J. J. da Rocha, editado em 1855, tem uma clara proposta: justificar o Gabinete da Conciliação do marquês

de Paraná e analisar teleologicamente os acontecimentos anteriores (ascensão do Partido Conservador, repressão aos movimentos liberais

radicais e reformas políticas e administrativas capitaneadas pelos conservadores), que encontrariam sua síntese neste gabinete

.

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Uma análise mais detalhada sobre a Reforma do Tesouro de 1850 pode ser encontrada em Buescu, 198

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