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corroboram para as desconfianças de que a livre concorrência nesse programa, na verdade, não

foi tão livre assim...

Mudanças de curso: o Programa Naval de 1906

No final do ano de 1906, a Presidência da República foi assumida por Afonso Pena, e o

almirante Alexandrino Faria de Alencar foi escolhido como novo ministro da Marinha. Tal mudança

acarretou também uma brusca guinada nos rumos do Programa Naval de 1904. Este dava

primazia ao ‘justo meio’, ou seja, navios encouraçados com dimensões e deslocamento

moderados, mas em maior número de unidades. Alexandrino, contudo, buscou adotar outra

concepção de esquadra, que priorizava os chamados ‘navios capitais’, de maior poder de fogo e

dimensões, em torno dos quais os navios de menor porte assumiriam um caráter complementar.

Esta visão buscava conciliar as teorias estratégicas navais da época com os recursos orçamentários

de que o país dispunha para a modernização de sua frota. (NETO, 2014, p. 102).

Assim que se sentou na cadeira de ministro, Alexandrino pediu a autorização do Poder

Legislativo para reformular o programa naval de 1904, alegando que as obras de construção dos

navios brasileiros ainda não tinham sido iniciadas nos estaleiros ingleses, o que era falso. Afinal de

contas, documentos da firma construtora dos navios confirmam o início da construção das

embarcações brasileiras encomendadas na gestão do ministro Noronha. Entretanto, após o

lançamento do primeiro dreadnought pelos estaleiros ingleses, a indústria da construção naval,

pretendendo maiores lucros com a produção desse navio de ponta, estimulou seus clientes a

comprá-los. Como a Marinha brasileira tinha encomendado recentemente os seus novos navios, e

eles ainda estavam no estágio inicial de construção, por que não ofertar uma pequena

modificação no programa? Assim, é bem provável que agentes da Armstrong, empresa que o

governo brasileiro encarregou para a construção das novas embarcações, tenham entrado em

contato com o ministro Alexandrino e outras autoridades e feito propostas para construir

dreadnoughts para a Marinha do Brasil, modificando assim o plano naval em andamento

(MARTINS FILHO, 2010, 88-102).

Dessa maneira, o programa de modernização naval brasileiro passou a ter a seguinte