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Primeira República. Relatórios diplomáticos ingleses no ano de 1910 chamavam a atenção dos
seus conterrâneos para esse traço da Marinha brasileira:
O número de oficiais ultrapassa em grande medida as necessidades, e todos os
estabelecimentos em terra, em consequência, têm excesso de oficiais. Isso é
comum na vida oficial brasileira e deve-se basicamente à grande dose de
clientelismo que os membros da câmara e etc. gostam de patrocinar (apud
MARTINS FILHO, 2010, p. 177).
Os mesmos ingleses faziam notar que essa característica já estava presente nos modernos
dreadnoughts
brasileiros. O
Minas Gerais
, por exemplo, tinha 56 oficiais combatentes a bordo,
ainda que tenha sido originalmente concebido para quatro vezes menos, ou seja, 14. Tomando-se
por base a quantidade de oficiais a bordo, o número correspondente de suboficiais na
embarcação seria de 120 ao invés dos 52 regulamentares (MARTINS FILHO, 2010, p. 177). Oficiais
velhos e desestimulados não eram os mais indicados para a operação dos navios encomendados.
Alexandrino, em seu relatório de 1906, acreditava, assim como outros ministros anteriores, que a
redução do número de matrículas na Escola Naval, de onde saíam os oficiais recém-formados, era
uma medida capital para o descongestionamento e a renovação dos quadros navais. Entretanto,
tal redução, assim como as leis de reforma ao longo do período 1891-1930, não foi suficiente para
resolver o problema.
A questão da centralização e da administração naval foi outro item de grande importância
para o ministro Alexandrino, sendo debatida ao longo de suas três gestões na pasta. De acordo
com o ministro, a administração naval brasileira não tinha a simplicidade para agir prontamente
em casos de necessidade. Os órgãos que compunham o ministério não tinham a capacidade de
atuar harmoniosamente devido às constantes ingerências de suas competências. Era necessário
haver uma divisão da administração naval em dois grandes blocos: um responsável pela esquadra
e pelos elementos de combate propriamente ditos; outro, pelos elementos que lhe davam apoio,
manutenção e administração (BRASIL, 1907, p. 9-10). Tal separação, todavia, não deveria ser total,
pois o bloco militar deveria estar subordinado ao ramo administrativo, diretamente dirigido pelo
ministro e não deveria ter responsabilidades de combate e organização da esquadra, mas sim um
chefe militar a ele subordinado.
Embora o responsável pelo comando das forças marítimas em tempos de paz fosse o chefe
do Estado-Maior, isso, de acordo com o ministro, era apenas nominal. Isto porque ao longo do
tempo, foram-lhe dadas atribuições administrativas que atrapalhavam a sua ação, por consumir