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grande parte de suas energias. Assim, tais competências deveriam ser retiradas. Segundo a visão

do almirante, os serviços essenciais para qualquer Estado-Maior, como informações, mobilização,

organização das forças, dentre outros, também não existiam na Marinha brasileira.

Alexandrino também argumentava que, naquela forma de organização naval, o ministro

tinha em suas costas todas as responsabilidades administrativas do ministério, visto que os chefes

das repartições navais tinham baixa autonomia. Isso era prejudicial tanto para os processos de

tomada de decisão quanto para a agilidade de execução de ações do ministério. Ninguém poderia

pensar que o ministro pudesse dirigir pessoalmente todos os detalhes dos muitos serviços da

Marinha, fossem eles técnicos ou administrativos. Era necessária a colaboração eficaz de

funcionários de sua confiança imediata (BRASIL, 1907, p. 11-12).

Assim, era preciso uma reformulação na organização ministerial, que foi realizada em

1907, através do estabelecimento de um sistema de inspetorias e repartições independentes

subordinadas diretamente ao ministro. Desse modo, a Secretaria de Estado foi dividida em

Diretoria do Expediente e Gabinete do Ministro; o Quartel General passou a ser chamado de

Estado-Maior e teve as suas funções administrativas retiradas de modo que se dedicasse

exclusivamente à organização das forças navais e seu preparo para a guerra; as funções

administrativas que antes pertenciam à esfera do antigo Quartel General passaram para as

Inspetorias de Marinha, Máquinas, Fazenda, Fiscalização e Saúde; as capitanias dos portos ficaram

subordinadas à Inspetoria de Portos e Costas; a Carta Marítima passou a ser chamada de

Inspetoria de Navegação; a Contadoria foi transformada em Diretoria de Contabilidade; a

Biblioteca, o Museu e o Arquivo foram unificados em uma única Diretoria; o Comissariado Geral e

o Almoxarifado do Arsenal forma unificados na Diretoria do Depósito Naval. Houve também a tão

aspirada reforma no Conselho Naval, que passou a chamar-se de Conselho do Almirantado, sendo

constituído por todos os oficiais generais da ativa da Marinha (BRASIL, 1908. p. 15).

Ao longo da Primeira República, outras formas de organização naval foram propostas e

implementadas, como a levada a cabo pelo ministro Joaquim Batista Marques de Leão pelo

decreto n. 9.169 A, de 30 de novembro de 1911.

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Contudo, as mudanças ministeriais

27. A organização ministerial proposta pelo ministro Joaquim Batista Marques de Leão pretendia liberar o ministro no

trato das muitas atividades ministeriais, mas em moldes diferentes dos propostos por Alexandrino Faria de Alencar.

De acordo com essa reforma, as questões ministeriais seriam analisadas em um colegiado, com a participação dos

chefes das repartições. Assim, no caso de divergências, elas seriam conhecidas por todos os altos oficiais. No caso do

ministro agir de forma contrária à opinião da maioria, poderia ser responsabilizado se suas ações destoantes

resultassem em fracasso. Além disso, essa organização presumia que o conhecimento das circunstâncias que haviam

levado às ações adotadas pelo ministério auxiliaria a sua melhor execução e desempenho (CAMINHA, 1989, p. 43).